terça-feira, 31 de maio de 2016

Sobre as russas




Outro dia conversava com duas garotas russas em São Petersburgo e outra de Kaliningrado, a primeira kaliningradense que conheci, uma delas conheci ainda no Brasil pela internet, num site chamado Chatroulette, quando ela sentava-se com os seus amigos.

Em nossa conversa eu dizia que achava as russas bastante agradáveis e comunicativas, ela me contou que conheceu um brasileiro e então começou uma conversa interessante sobre a diferença de mentalidade. Ela contava como achava o rapaz bastante assanhado, até me mostrou a conversa com ele que me rendeu grandes risadas, por exemplo, quando convidou o rapaz para a casa dela, caso viesse a São Petersburgo, e o rapaz imediatamente achou que ela quisesse fazer algo mais com ela. Provavelmente ele desconhecia o fato de que na Rússia hospitalidade não tem sexo, um russo ou uma russa, vendo um forasteiro em necessidade de abrigo poderá mesmo oferecer sua própria cama e dormir no chão para garantir o seu conforto! No ocidente, uma vez que fomos envenenados por uma cultura de culto exagerado ao sexo (embora na Rússia estejam tentando introduzir este mesmo modelo pela TV e pela música pop), as pessoas perderam completamente a noção, no meio masculino especialmente, basta um homem dizer "conheci fulana!" que outros tomam por "comi fulana!" no Brasil. É sabido que no meio masculino brasileiro, basta em um grupo de Whats App juntar apenas homens que invariavelmente haverá um grupo alternativo (ou no mesmo grupo) com postagens de pornografia 24 horas por dia, e para a minha surpresa, conforme uma amiga russa me revelou, o mesmo processo acontece em grupos onde há apenas mulheres. 

Uma foto com as minhas amigas antes do metrô
Masha, a minha amiga, me contava como na Rússia é absolutamente normal no país as mulheres se manterem virgens até o casamento. Pessoalmente conheço jovens russas que disseram ter se mantido assim até depois dos 25 e outras até mais. Ao contrário do que acontece no ocidente, isso ainda não é considerado vergonhoso na Rússia, apesar de que alguns seriados da TNT (canal estrangeiro veiculado na Rússia) tentarem ridicularizar a imagem da moralidade. Ainda que muitas não sigam essa filosofia, é um fato que muitas não vivem em torno disso como vemos no ocidente. O mesmo pode ser dito sobre os homens, no Brasil alguns homens fazem questão de contar detalhes sobre suas experiências sexuais, jamais vi nada assim na Rússia. É também um fato que na Rússia, devido ao egoísmo e ao narcisismo estimulados por revistas, comerciais e especialmente por fotógrafos (os nossos leitores sabem que russos tem a fotografia por paixão), muitas russas deixam-se levar por promessas superficiais, fazendo fotos completamente ou em parte desnudas e postando-as em redes sociais (no VK não há penalidade para fotos sem roupa desde que não fiquem na capa), assim, mesmo algumas mulheres casadas postam fotos nuas no perfil, alegam ser "arte" e o maridão alega ser o "tesouro", sem tomar em conta o dano que isso pode provocar em terceiros. Surpreendentemente não vemos comentários de tarados com a mesma frequência que no Brasil, mas como uma amiga me dizia, é se sujeitar a grandes riscos que uma mulher média não tomaria, e uma com firmes princípios morais ainda menos!

É contado por muitos populares que durante a Grande Guerra Patriótica um médico, estudando as garotas da URSS tomadas como prisioneiras na Alemanha Nazista, da idade de 16 a 30 anos, resolveu se dirigir a Hitler com uma solicitação de iniciar conversações sobre a paz com a URSS. Ele ficou impressionado com o fato de 90% das garotas solteiras estudadas serem virgens, então ele escreveu a Hitler que era impossível vencer um povo com tão rigorosa moralidade.

Verdadeira ou não a história, os que viveram na época como o publicista e padre ortodoxo Nikolay Bulgakov contam que havia uma atenção à castidade, em vez da "revolução sexual" empurrada pelo ocidente, e total moral na mídia, nas escolas, proibição da pornografia, da prostituição, de outras formas de perversão, da narcomania, da corrupção e da russofobia. Escreve o autor:

"Esse é o patriotismo! Essa é a igreja aberta! Essa é a proibição do abortamento! Essa é a mãe-heroína! Essa é imagem da colegial inocente! É o merecimento do oficial e do engenheiro! É a vida e o trabalho com a consciência de uma causa comum"*

Recordo como em Moscou, um universitário brasileiro se queixava de que a Rússia era "muito conservadora", já que alguns tem a fantasia de que ao pisarem no aeroporto haverá garotas tirando a roupa. É um fato que muitos estrangeiros interessados e mesmo simpáticos à Revolução Russa interessam-se apenas pelo período logo após esta, quando houve uma quebra nos padrões de moralidade da sociedade. Conforme essa revolução amadureceu, entretanto, houve sob Stalin um renascimento da moralidade própria das tradições milenares do povo russo. Aparentemente, como já escrevia Lenin, há aqueles que querem através da Rússia apenas justificar os seus desvios e problemas morais, sem levar em conta as tradições e costumes milenares do povo russo. E é estudando essas tradições que nós descobrimos de onde vem a sua força, criatividade e o que os torna únicos!


*http://www.nakanune.ru/news/2013/5/7/22308363/

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