segunda-feira, 27 de junho de 2016

Um brasileiro no dia 9 de maio

Introdução

Desde a infância somos intoxicados por uma propaganda agressiva contra a União Soviética e a Rússia, seu sucessor por direito, ontem os "comunistas malvados totalitários", hoje os "autoritários que odeiam minorias sexuais e raciais", o "regime mafioso". Além de falsa, essa propaganda ignora completamente o grande feito do país, a aniquilação do nazi-fascismo em 9 de maio de 1945, antes de tudo, a definição de um novo caminho para a humanidade, diverso daquele traçado por Adolf Hitler e compartilhado por muitas personalidades ocidentais, incluindo grandes empresários, estadistas e escritores, isto é, um mundo unipolar marcado pela senhoria do mundo por um grupelho de Estados nacionais imposto com a força de uma grande aliança militar.

Em realidade, se compararmos os discursos políticos de Hitler e Churchill não veremos muitas diferenças, mas Stalin é sempre o culpado, e se Stalin é culpado, logo a URSS é culpada, e se a Rússia fazia parte da URSS, logo também ela e seu povo são culpados. E, assim, aqueles que colaboraram com o nazismo afirmam que são vítimas, e afirmam "dê-nos dinheiro, pois vocês são os grandes culpados". Lobo em pele de cordeiro!

A fotorreportagem faz parte de um trabalho de exorcização de mentiras criadas sobre a Rússia, missão primordial do "Descobridor da Rússia". Veremos aqui o que significa para o povo da Rússia (incluindo suas minorias) o dia 9 de maio, Dia da Vitória.

9 de maio de 2016
Acordei e fui ao encontro da minha namorada, Natasha, uma jovem russa detentora de dois diplomas vermelhos de economia e administração, neta de um veterano da IIGM que partiu para a eternidade na última década. A família de Natalya compartilha a sina de milhões de famílias na Rússia, a IIGM. Para o povo russo, em especial aqueles da parte ocidental, a Segunda Guerra não é só uma página dos livros de história ou de filmes de ação, é uma página da vida de seus ancestrais, pais, avós, bisavós... Em São Petersburgo, Cidade-Herói de Leningrado, a cidade passou pelas maiores provações da IIGM, o Cerco de Leningrado, que durou 900 dias. Ao contrário de outras cidades cuja população foi evacuada, a cidade foi sitiada antes que sua população pudesse ser evacuada! A cidade sofreu com o fogo da artilharia nazista, investidas de tropas alemãs, finlandesas e de outros países ocidentais aliados de Hitler. Para comparar, a resistência francesa durou algumas semanas, apesar de seu exército ser o mais moderno e poderoso em 1939, a polonesa alguns dias, a dinamarquesa, menos de 24 horas. Isso expressa uma filosofia máxima dos russos, a de "não se entregar".

O sacrifício dos ancestrais e seu espírito de luta garantiu a vitória, em 9 de maio de 1945 pelo horário de Moscou. Em junho de 1945 realizou-se em Moscou a primeira grande Parada da Vitória, sob a liderança de Stalin, Júkov e Rokossovsky. Essa parada seria realizada a cada 5 anos, até que sob o governo de Brejnyev passou a ser realizada anualmente. Nos anos 90, sob Yeltsin, ela quase foi esquecida, mas sob Putin recobrou o status que havia sido perdido.

Advertidos de que haveria uma enorme multidão, Natalya e eu perdemos muito tempo procurando um pincel hidrográfico, ninguém garantiria que acharíamos um do tipo em dia de festa e feriado, como os 8 dias anteriores ao desfile. Corremos para a parada de ônibus, na qual, na Rússia, os ônibus não precisam de sinal para parar, seguimos até o metrô Komendantskiy Prospekt (Avenida do Comandante) e lá desembarcamos na estação mais próxima, o Almirantado (Admiralteyskaya), próximo da Praça do Palácio (Dvortsovaya Ploschad), onde se encontra o Hermitage, um "veterano" com mais de 300 anos de idade usado como abrigo antibombas durante a IIGM, que teve parte do prédio destruído por bombas incendiárias da aviação alemã.

Bandeirasdo 9 de maio, do Regimento 150 Kutuzov, responsável pela captura do Reichstag, da Marinha Russa (Cruz de Santo André), dentre outras.
A Estação do Almirantado mais parecia um formigueiro humano, nem mesmo no ano novo vi coisa parecida, quando no metrô de Moscou, cidade mais populosa, ele estava quase vazio. Natalya e eu estávamos impressionados com a enorme quantidade de pessoas indo ver o Dia da Vitória, apesar de que a parada já estava para mais da metade. As ruas estavam totalmente intrafegáveis para os automóveis, havia pessoas por toda parte, em cada metro quadrado disponível! Nas calçadas os vendedores vendiam gorros sem palas usados pelo Exército Vermelho na IIGM, bandeiras da Rússia, URSS (quase todas esgotadas) de vários tamanhos, bandeirinhas festivas do 9 de maio, da Marinha Russa (idêntica à bandeira de Fortaleza), Soviética, dentre outras.

Marinheiros... Eles estão por toda parte na cidade costeira de São Petersburgo, ao contrário da Marinha do Brasil, o seu uniforme é negro

Imigrantes da Ásia Central escalam postes e paredes para ver a Parada da Vitória
Ao chegar no local da parada, era possível ver as tropas que concluíam a marcha, marchando e cantando canções patrióticas sobre coragem, camaradagem. Vimos passar as tropas de fronteira, bombeiros, MVD, fuzileiros navais, marinheiros, paraquedistas (notáveis pela sua boina azul, ao contrário da boina vermelha que predomina no ocidente), tropas da Guarda Nacional, dentre outras. Mas o que chamava a nossa atenção, mais do que as tropas em si, era o entusiasmo do povo. Pessoas das mais variadas nacionalidades e nações escalavam paredes, portões e postes para ver as tropas passarem, homens, mulheres, crianças, idosos, russos e estrangeiros! Na parada, não havia "eu", havia "nós", "my pobedili", "nós vencemos e disso temos orgulho", nos dizia a atitude de cada presente!

Ao sair da grosso da multidão, nos dirigimos para um parque que antecede o Hermitage, lá me deparei pela primeira vez com militares de uma ex-república soviética, o "rei da Ásia Central", o Cazaquistão, país rico em minérios e em sua exuberante paisagem natural, de um povo milenar. As pessoas tiravam fotos com os guerreiros cazaques, e eu não pude deixar de garantir a minha com os rapazes que, não fosse o uniforme, passariam facilmente por nordestinos do Brasil. O Cazaquistão, assim como a Rússia, é um país formado por várias nações.

Alguém que desconhece o autor do blog poderia pensar que todos na foto são cazaques ou que todos são brasileiros.
Mais adiante caminhávamos e vimos uma bela e familiar cena, um avô passeava com a sua netinha, um oficial da Guarda Nacional, condecorado com várias medalhas. Sua netinha usava o uniforme do glorioso Exército Vermelho.

No Brasil, houve há algum tempo uma polêmica relacionada com o uso de uniformes-mirins, enfatize-se, entretanto, que comemorações militares no Brasil frequentemente trazem crianças com pequenos uniformes e jamais foi feito barulho por causa disso, o protesto se deveu sim a uma determinada força, de determinado estado brasileiro, conhecido pela sua força policial assassina e repressiva, incluindo contra pessoas comprovadamente inocentes.

O Exército Vermelho e hoje o Exército Russo sempre foi visto como força de libertação, que não apenas libertou o seu país do julgo da Alemanha nazista, como metade da Europa. Hoje países como Polônia, Hungria, República Tcheca, Eslováquia, Alemanha, Sérvia, Montenegro, Croácia, Romênia, Bósnia e Áustria devem a sua existência à sua libertação pelo Exército Soviético! Sem ele, esses países seriam apenas províncias do III Reich! Lembremos que desde o fim dos anos 30 até 1945 o país hoje conhecido como "Áustria" não existia.

                                                  

                                      

Por toda parte víamos pessoas celebrando, alegres, felizes, comemorando o que vale a pena ser comemorado. Os militares já saíam fora de forma


Militares do Exército em uniforme verde e policiais (MVD) em uniforme negro
Um general da reserva

Um marinheiro capitão da reserva
Conforme seguíamos pela multidão, nos encontramos com a irmã gêmea de Natasha, alguém totalmente parecida com ela pessoalmente, mas com uma personalidade totalmente diferente! Em meio a multidão, nos surpreendemos com a presença de militares estrangeiros. Ao contrário do inverno, na primavera eles usavam o uniforme dos seus países. Isso se dá por motivos óbvios, por que a Angola iria distribuir ao seu exército capotes de inverno? Em vez disso, eles enviam seus militares para a Rússia e eles usam os mesmos uniformes de inverno que os russos, só que com uma bandeira da Angola bordada. O uniforme de passeio angolano lembra bastante o americano da IIGM. Tomamos a liberdade de entrevistar três cadetes, um do Exército e dois da Aeronáutica, que tiveram um lugar especial na tribuna de honra:


Um pouco depois, nos deparamos com dois militares da Marinha Venezuelana. Sob o governo de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, os laços com a Rússia foram ampliados, o que permitiu a modernização das forças armadas do país, pilar da soberania de um país latino-americano. Eles nos falaram sobre sua experiência como alunos-militares na Rússia, um caminho que o Brasil poderia seguir se decidisse se alinhar com o BRICS e rejeitar as tendências golpistas que estão em curso.


Ainda em se tratando de estrangeiros no evento, conhecemos uma família que não era "tão estrangeira", refugiados de Lugansk, Leste da Ucrânia. São Petersburgo se tornou o principal foco de imigração dos refugiados da Ucrânia após o golpe de Estado conhecido como Maydan. Milhões de ucranianos deixaram o país, especialmente nas zonas de guerra como Donetsk e Lugansk. E o mais interessante, algumas fontes, inclusive no Brasil, mentem afirmando que a "a Rússia está em guerra com a Ucrânia", mas os cidadãos ucranianos fogem para a... Rússia! Alguém consegue imaginar cidadãos soviéticos fugindo para a Alemanha nazista durante a IIGM?  Como os cidadãos fogem para um país que supostamente está em guerra com o seu? Aqui vemos ruir toda a lógica irracional dos propagandistas russófobos da Ucrânia e de outros países, todos, claro, inspirados pelos barões da mídia do "Susha" (como sôa a sigla para EUA em russo).

Por ter nascido num país que fazia parte da União Soviética, a entrevista se diz orgulhosa da Grande Vitória e fala de seu orgulho em viver na Rússia, bem como sobre o seu desejo de paz no mundo.


Não menos importante foi o nosso encontro com um veterano piloto de testes de bombardeiros, sobrevivente do bloqueio, coronel aviador. Quando mencionei que era do Brasil, ele me falou sinceramente sobre o seu desejo de colaboração com o Brasil, que muitos russos veem como um parceiro estratégico, mas que essa parceria acaba ficando limitada "graças" às baratas ideológicas alimentadas pelo ódio e pela revolta propagandeadas pelos EUA, país que patrocina golpes de Estado no Brasil sempre que o país tenta se aproximar da Rússia. Nenhum veterano com quem me encontrei esboçou qualquer desconforto ou inquietação quando falei que era do Brasil ou quando caminhei com a bandeira do Brasil.

Tendo a honra de conhecer um veterano da Força Aérea Soviética, sobrevivente do Cerco de Leningrado
Não era fácil tirar fotos com veteranos, pois todos agradeciam a eles pela vitória e a eles entregaram cravos e outras flores, presentes, queriam com eles tirar fotos também! Crianças, adultos, idosos... pessoas de todas as idades! Tratava-se de pessoas exaltadas por ter livrado o mundo do fascismo, por ter a ele resistido. No Brasil cenas ligeiramente parecidas, só que com torturadores que se gabam de tal feito, sem qualquer conteúdo humanístico. Na Rússia encontramos o sol da liberdade brilhando em raios fúlgidos, brilhando no céu e na terra a todo instante!


Um barulho podia ser ouvido, a multidão se dispersava, abrindo espaço para uma novidade, um novo blindado transportador de pessoal do Exército Russo. Embora fosse previsto que o veículo lá ficaria e só então durante a tarde ficaria aberto para exposição, uma garotinha logrou subir no blindado, e merecidamente teve a sua foto com um dos tripulantes do blindado. Muitos tentaram (e até conseguiram) fazer o mesmo, mas devido ao tumulto gerado (para os tripulantes e a passagem de blindados), policiais dispersaram os curiosos, afirmando que a exposição seria de tarde. Fico pensando que comoção isso causaria no Brasil, "ah, mas se a garotinha tirou uma foto, eu também quero...". Na Rússia não predomina o tipo temperamental.




Seguimos em direção ao rio Nevá, os parques estavam cheios, e neles vimos militares sírios, tirando fotos com russos. Muito se publica no ocidente que "russos são fechados", são "xenófbos", "comem criancinhas", mas temos uma imagem totalmente diferente. A mídia, no Ocidente, ocupa-se 48 horas por dia na difamação do russo, um processo que, conforme já expusemos em outros artigos desse blog, vem desde os tempos de Alexander Nevsky, isto é, desde o século XIII, quando os russos optaram por resistir às Cruzadas promovidas pelos suecos e pelos Cavaleiros Teutônicos!

Em nosso passeio nos deparamos com as pessoas mais diferentes, dentre as quais um jovem que ostentava uma grande bandeira da União Soviética em sua bicicleta, um retrato da juventude russa que honra a sua história e a de seus ancestrais, antes de tudo o país vencedor. Capturamos a imagem de uma das margens do rio, e depois tomamos a liberdade de entrevistar o jovem, ao que ele fez em total conforto.



A bandeira vermelha é uma bandeira muito importante no Dia da Vitória, sobretudo por que foi ela a bandeira carregada até Berlim, a bandeira de 15 Estados unidos por um ideal de justiça. Hoje, conforme nos informam outros blogueiros como Vitaliy Lezov, o "Guia de Moscou", a festa tomou um tom demasiado comercial e, se isso continuar assim, poderá um dia acabar perdendo o seu sentido. Ora, se uma das maiores festas do cristianismo, o natal, tornou-se no ocidente apenas uma data de ganhar presentes e a páscoa, a festa mais importante, tornou-se só uma data para "comer ovos de chocolate", imagine uma festa laica como o 9 de maio! Jovens como Ilya e outros que ostentam a gimnastyorka ajudam a reviver essa tradição e a lembrar que exército e que país destruiu mais de 70% das forças da Alemanha nazista e 90% das forças do Eixo entre 1941 e 1945!


Seguindo o curso dos acontecimentos, voltamos à Praça do Palácio e de lá nós seguimos pela Avenida Nevsky até o centro de comércio conhecido como "Galeria", próximo da Estação Moscou, em frente ao obelisco que marca o status de "Cidade-Herói" de Leningrado, atual São Petersburgo. Em meio ao caminho, nós compramos uma bandeirinha da União Soviética, depois uma bandeirona, víamos as ruas agora liberadas e a passagem de carros e até motos com menções ao dia 9 de maio, as pessoas entoavam canções da época da guerra nas ruas, como "Katyusha', essa é a grande ameaça que a Rússia causa a ocidente, pessoas cantando, se orgulhando de sua história e de suas tradições, enquanto no ocidente é praticado um suicídio cultural com uma cultura artificial marcado pela música pop e por tendências extravagantes. É um fato que mesmo em países ocidentais como o Brasil há canções belas sobre a guerra como a Canção do Expedicionário, mas quantas vezes você já viu ao menos um "patrioteiro" falar dela? A Canção do Expedicionário possui uma letra fácil de ser entoada, fala de pessoas simples de todas as partes que se juntaram para libertar a Itália de Hitler, mas é conhecida apenas por militares no Brasil.

Após um almoço no centro de comércio conhecido como "Galeria", corremos para a coluna do Regimento Imortal, para encontrar-se com dois grandes amigos, que já estavam no meio da coluna, formada por centenas de milhares de pessoas. Lá, as gêmeas ao meu lado participavam pela primeira vez do evento, por minha sugestão. No início ouvíamos um grito que nos surpreendeu e nos pôs em dúvida, não sabíamos se era vaia ou alguma confusão, o grito ecoava por toda rua, e cada vez mais se aproximava de nós, até passar por nós, eram os gritos de "URA!", o famoso brado militar russo. Uma emoção jamais sentida antes, sendo o mais próximo disso apenas o que o autor deste texto testemunhou em estádios de futebol. Alguém gritava na rua "GLÓRIA AO POVO VENCEDOR", e iniciava-se os gritos. Na coluna, as pessoas entoavam canções patrióticas. O "Descobridor da Rússia" entoava a canção "O sol se pôs atrás da montanha", uma canção que descreve a volta dos soldados do Exército Vermelho para casa. O mais surpreendente é que a despeito da bandeira brasileira nas costas do descobridor, nenhuma reação negativa foi suscitada, na realidade acontecia exatamente o oposto. As pessoas liam o cartaz e agradeciam, tiravam fotos, e alguns mesmo enchiam os olhos de lágrimas por saber que alguém do outro lado do planeta lembrava os feitos gloriosos de seus pais e avós. 

Éramos saudados por todos na Avenida Nevsky, as pessoas subiam em janelas para nos saudar, pessoas de todas as nacionalidades. Alguns ensaiavam credos liberais, falando que "seus avós não lutaram por regimes totalitários, mas por si mesmos", nem mesmo os liberais mais inteligentes na Rússia ousavam excretar discursos anti-vitória. Ao final da marcha nos encontramos com alguns veteranos, um deles era entrevistado pela TV russa, marchava com o seu histórico uniforme comunista, outro, sobrevivente da guerra, ostentava um grande retrato de Ióssif Vissaryonovich Djugashvilli, mais conhecido como Stalin, e nos dizia sobre como para ele "Stalin é sagrado", o grande líder que, sem fugir do país ou se esconder, permaneceu no Kremlin mesmo com a chegada dos alemães às portas de Moscou, que inspirou gerações e homens que gritavam seu nome e combatiam até que a chama de suas vidas se apagasse completamente, para que anos mais tarde essa chama fosse ascendida no monumento ao soldado desconhecido. 

Mas nem tudo foi tão bonito no Regimento Imortal, em alguns lugares, provocadores de nome iminente ostentavam não o retrato do Generalíssimo da vitória, ou de Marechais da União Soviética ou mesmo de seus parentes, mas o ícone de nomes como Nicolau II, um nome que longe de estar associado a qualquer vitória, esteve associado à derrota, derrota na guerra contra o Japão, contra a Alemanha na I Guerra Mundial, e que permitiu o esfacelamento do Império Russo, cuja integridade foi salva pelo posterior governo bolchevique. A desculpa da autora dessa provocação não poderia ser mais infame, segundo ela um veterano "teria tido uma visão de Nicolau II em uma trincheira, o que o salvou da morte durante a IIGM", e lhe teria pedido para que levasse um ícone de Nicolau II à marcha do Regimento Imortal. Curiosamente, esse mesmo Nicolau II, além de não ter nenhuma relação com a IIGM, também não era considerado santo nos anos 40. Ainda que fosse, o ato era tão ilógico quanto alguém participar de uma procissão ortodoxa com fotos de Lenin ou de algum marechal soviético. É um fato que os feitos de alguns santos ortodoxos, por serem também comandantes militares, foram evocados durante o período socialista, nos anos da guerra, nomes como Alexander Nevsky e Dmitriy Pojarskiy, mas em veste destes nomes, vemos em um Dia da Vitória nomes como Nicolau II, em passeata na Crimeia... Isso indica que apesar da grandiosidade do evento, se os russos não ficarem atentos, ele pode acabar padecendo do mesmo mal que a páscoa, isto é, acabar se tornando "só mais uma festa", com o seu significado ignorado ou colocado em terceiro plano.

O Dia da Vitória é antes de tudo, não apenas uma vitória do povo soviético, mas uma vitória da humanidade do humanismo sobre o racismo, devendo ser lembrado e homenageado por todos os povos, e ser prestado o devido tributo ao povo vencedor! O Dia da Vitória nos revelou duas grandes paradas totalmente diferentes das "paradas" às quais as pessoas estão acostumadas no ocidente, uma parada não em nome da banalidade, mas em nome do humanismo, da coragem e do feito de toda uma geração!



Entrevista com um sobrevivente do Bloqueio de Leningrado:




Outras fotos:
O cartaz que fez alguns russos chorarem: "Obrigado veteranos por salvar o mundo do fascismo. O Brasil vos agradece"

A passagem do Regimento Imortal, de tarde

Palco montado para o concerto do 9 de maio








Armênios saúdam a grande coluna do Regimento Imortal





Com três netas de combatentes da Defesa de Leningrado
A foto no momento certo!

As Velas Escarlates de São Petersburgo

"Sobre a mesa ninguém tem demasiado, pelo mérito, cada um é recompensado", já dizia uma famosa canção soviética da época de Stalin. Esses versos descrevem exatamente o festival petersburguense conhecido como "Velas escarlates" (Alye Parussá), quando a Rússia recompensa o mérito dos seus estudantes.

Certa vez, no Brasil, um candidato fanfarrão prometeu comprar uma "viagem para a Disney", para os estudantes secundaristas que atingissem as melhores notas. Ao contrário da incapacidade de criar algo novo e original, ainda na época da União Soviética foi criado um famoso festival para celebrar o mérito dos estudantes secundaristas concluintes, as "Velas escarlates" (Alye Parussá). O festival, conforme acusam inúmeros cartões postais, é um símbolo da cidade de São Petersburgo. Nele, um barco com velas escarlates navega o rio Nevá, que ostenta as suas pontes abertas desde as 18:00 da noite. Ele coincide a cada cano com o primeiro sábado do momento mais intenso das "noites brancas". Uma grande salva de fogos de artifícios é disparada de tal modo, que por uns instantes o Descobridor da Rússia pensou estar no meio da barragem de artilharia de uma guerra. Se havia sol em plenas 12:30 da noite, com a salva de fogos de artifícios, ele parecia ainda mais brilhante e iluminado.

Mais uma vez víamos o metrô parecendo um formigueiro, gente brotando de diferentes estações. O entusiasmo dos presentes no evento era notável, em sua maioria adolescentes. Toda a costa do rio Nevá parecia ter cada milímetro cúbico preenchido, mais de 100 mil espectadores. Flagramos o momento em que alguns aventureiros escalavam pelo menos 5 metros nos postes da rua, pois a grande massa dificultava a vista para os fogos de artifício e o barco que estava por vir. Outro participante resolveu brincar de "Assassin's creed", escalando quase 20 metros de um prédio usando a calha metálica e os espaços da parede. Pelo seu feito ele foi aplaudido pelo público, apesar do considerável risco.

Durante o festival não verificamos nenhum tipo de algazarra ou briga, após ele os jovens seguiram para o campo de marte, para cantar, beber e conversar. Por volta das 03:00 da manhã, percebemos 5 brigas, 4 delas terminando com as pazes entre os seus participantes, 1 delas terminando separadas por outros espectadores. Para nós latino-americanos, uma cena praticamente impensável para o nosso sangue quente.

Muitos criticam o festival pelos gastos com a pirotécnica, que de fato excede a do dia 9 de maio, mas o grande número de participantes russos de diferentes cidades nos mostra que essa tradição certamente atrai pessoas de todas as partes da Rússia, como nos confirmou Kristina, jovem moscovita que pela primeira vez visitava São Petersburgo com a sua mãe, com ela vimos tivemos uma visão privilegiada, após escalar a janela de um prédio público, da qual outros russos assistiam a passagem do barco a velas.

As velas escarlates são um símbolo do respeito e da consideração russa pelos estudantes secundaristas que atingem as melhores notas, que pelas ruas da Rússia podem ser visto vestindo seus ternos elegantes e garotas que parecem princesas, com uma faixa que até lembra uma faixa presidencial, símbolo da consideração pelo mérito na Rússia. Quantas vezes ouvimos falar que na época soviética não era tomado em conta o mérito pessoal? A tradição que vem dos tempos soviéticos e toda a grande festa realizada nos mostra exatamente o contrário!
A vista do céu da noite branca, por volta das 00:15 e o "Homem-Aranha" russo

Aguardando os fogos e a passagem do barco com suas velas escarlates

O céu noturno por volta da meia noite e um prédio no horizonte. É preciso fazer amizade com quem quer que more ou trabalhe lá!

A passagem tão esperada do barco das velas escarlates
Salvo de fogos ilumina a paisagem noturna de São Petersburgo (foto da internet)

sábado, 25 de junho de 2016

Um encontro com o soldado libertador


Hoje, dia 22 de junho, tive a grande honra de conhecer o soldado-metralhador soviético Zahar Hatchatryan, veterano da IIGM, libertador da Tchecoeslováquia, Hungria e da Alemanha, participante da Batalha de Berlim. 

Eu o conheci por acaso, na parada de ônibus, eu nem pensava em ir ao metrô de ônibus hoje, mas por acaso vi um idoso sentado, humilde, calmo, até que minha vista capta um enorme número de medalhas, o que rapidamente prendeu a minha atenção. Discretamente tentei inspecionar suas condecorações, procurando a de "Herói da União Soviética". Embora não a tenha encontrado, isso em momento algum diminuía a minha admiração pelo veterano, que permanecia calmo. 

Sem falar nada sobre si, o seu filho, que até parecia um brasileiro, devido à sua pele escura, armênio, me falava sobre o seu pai (sem dizer que era seu pai), apenas comentou que ele era " um veterano muito conhecido". Mencionei que estava indo para a Praça do Palácio, e eles comentaram o mesmo.
Durante a conversa, o filho me contava a história de seu pai, sobre o que ele fazia, um soldado-metralhador, função de enorme risco, que em geral é digna da atenção mortal do sniper. O metralhador é em regra o primeiro alvo de um sniper, e foi exatamente isso que aconteceu a sei pai na Batalha de Berlim, num momento crucial, ele foi alvejado por um sniper, tendo fragmentos do projétil atingido o seu coração. 

Sobrevivendo milagrosamente, Zahar foi aposentado por invalidez, recebendo uma pensão especial conhecida como "pensão stalinista", o que não o impediu de seguir uma vida normal. Formou-se em uma faculdade de artes e se ele se destacara pela sua bravura na guerra, passou a se destacar na sua vida como pintor realista. Em seu terno podemos ver ao lado direito a medalha "Artista emérito", atribuída aos melhores pintores da URSS e da Rússia. 

Embora acreditasse na palavra do filho, tive a curiosidade de, durante a escadaria da estação mais profunda de São Petersburgo (a do Almirantado, com quase 100 metros subterrâneos), fazer uma rápida pesquisa no Google, que não apenas jogou resultados da Wikipedia com o libertador de Berlim, como vários quadros seus, logo me dei conta imediatamente do fato de que estava diante de uma lenda viva do Exército Vermelho!

Chegando na Praça do Palácio, me impressionava a humildade do pintor e herói da Segunda Guerra, quando este se dirigiu à coluna de tanques estacionada para a exposição, onde havia vários reconstrutores históricos do Exército Soviético, alguns duvidavam que essa lenda fosse real, primeiro pelo seu estado físico, nenhum veterano tem menos de 85 anos, e para tal idade, Zahar parecia ser bem mais jovem, aparentando cerca de 70 (e sua barba branca ajudava nisso). Além disso, o seu grande número de medalhas ajudava a aumentar essa dúvida, pois hoje qualquer um pode comprar medalhas da IIGM num bom antiquário.

Em nenhum momento ele fazia questão de mostrar os seus documentos, que vi pessoalmente quando ele entrou gratuitamente no ônibus. O seu filho fazia questão de discutir com os "céticos", e ele dizia calmamente, "não precisa discutir".

Chamou a atenção o controle emocional dele, quando sentamos no vagão de metrô, ele comentou que ficou impressionado por "não ter visto no vagão um só dos seus camaradas da guerra". O mesmo chamou a sua atenção na Praça do Palácio. Era como se naquela ocasião ele fosse o último grande herói soviético.

O filho de Zahar me perguntava sobre o Brasil na guerra, falei que em Fortaleza conheci um padioleiro veterano da Itália. Uma pergunta me foi feita pelo filho do herói, "no Brasil, quem é mostrado como o vencedor da guerra"? Olhando para o herói soviético, respondia com grande pesar, "infelizmente, no Brasil, como em todo o ocidente, é mostrado que os americanos foram os grandes responsáveis". Eu respondia aquilo como se tivesse respondendo sobre um grande crime do qual fui cúmplice. Se depender de mim, um dia esse crime, essa grande mentira um dia vai acabar!


22 de junho de 2016




Hoje foi o dia mais longo do ano aqui. Em locais como a Karelia e cidades do extremo-norte como Murmansk e Arhangelsk simplesmente não escurece, são 24 horas com o sol como se meio dia fosse. Aqui onde estou, o momento mais escuro se dá por volta de 00:00, isto é, há uma hora atrás. Pode-se dizer que noite não há, mas "noite branca".


Um dia muito bonito, ninguém jamais imaginaria dizer que num desses dias bonitos, o mais longo do ano, o povo deste país viveu o seu maior pesadelo, uma noite de medo e terror que durou quase 2 anos. Há cerca de 200 anos atrás, Napoleão iniciava a sua invasão da Rússia, onde ele seria derrotado, há cerca de 70 anos outro conquistador dava início a uma guerra jamais vista contra a Rússia.

Se nas guerras contra a Rússia o invasor levava dias para avançar algumas dezenas de quilômetros, nessa guerra totalmente nova, o inimigo avançava centenas de quilômetros por dia. Ao contrário das outras guerras, onde o inimigo avançava e a população tinha tempo suficiente para fazer as malas e se retirar, nessa nova guerra a população acordava com o barulho de sirenes e o roncar do motor de bombardeiros, dos terríveis caças-bombardeiros terroristas conhecidos como "Stukas", muito mais voltado para produzir o terror psicológico do que para ações práticas de bombardeio. 

Nas primeiras horas da guerra, o terror e a morte batia às portas da casa de milhões de soviéticos, para muitos, 22 de junho não era só o solstício, era o último sol de suas vidas, um pesadelo que só terminaria anos depois, pesadelo esse que iniciado não apenas pela Alemanha, mas na verdade por todo o ocidente!



Foto: São Petersburgo, 22:30. 22 de junho de 2016

segunda-feira, 13 de junho de 2016

A máquina do tempo secreta da Rússia


Um Lada em frente ao sítio de Bogoslovka, cujos donos pescavam e fritavam um churrasco


A Rússia possui uma máquina do tempo secreta, ela não utiliza energia elétrica, e nem mesmo tecnologia de ponta, ela existe há muitos anos no país e quando a utilizamos, não são necessários espalhafatosos efeitos especiais, essa máquina do tempo corresponde aos museus e monumentos arquitetônicos da Rússia, disponível para todos desde a Grande Revolução de Outubro!

Um desses locais nos leva de volta aos tempos da Rússia antiga, um sítio feito inteiramente com base na arquitetura da Rússia do passado, localizado a apenas 10 quilômetros de São Petersburgo, no Parque Etnográfico Russo conhecido como Bogoslovka (literalmente, "Teológico"). Lá podemos ver uma grande igreja de madeira, reconstruída no século XX, sem o uso de pregos, e uma pousada nos moldes das pousadas da Rússia antiga. Destacam-se na parte frontal da pousada símbolos usados pelos russos medievais em suas casas, a suástica, que até os anos 20 do século XX era usada frequentemente na Rússia, depois caindo em desuso com a ascensão do nazismo na Alemanha na mesma época. Ressalte-se, que a suástica jamais foi um símbolo político russo, aparecendo apenas em bordados de camisas e na fachada de casas.

O local é tão "secreto" que é desconhecido até mesmo por petersburguenses natos, ao postar minhas fotos, muitos achavam que eu tivesse ido a Fiji, na Karelya, ou a algum outro local da Rússia, sequer imaginavam que eu ainda me encontrava nas cercanias de São Petersburgo, na Região de Leningrado.

Bogoslovka é uma ótima pedida para quem viu palácios demais em São Petersburgo e busca uma vista alternativa, busca explorar a civilização russa!


"No mundo há muitos países diferentes, mas eles não podem entender a Rússia com a mente, como você sofreria com as feridas e estaria pronta para suportar cada uma delas", nos dias uma canção russa. Na foto, vemos um pequeno memorial dedicado aos marinheiros que defenderam o rio logo ao lado dos ataques da Marinha da Alemanha Nazista, impedindo que o III Reich furasse a resistência russa durante o Bloqueio de Leningrado.





Seguindo adiante, nos deparamos com uma pequena trilha pela floresta, e então evoco um famoso poema russo que conheci no filme "Brat 2", acompanhado por uma russa que organizou o evento:

"Eu sei que eu tenho uma grande família,
E também trilhas, e bosques, no campo cada trigueiro,
Um céu azul, isso é tudo meu, precioso,
Essa é a minha pátria, e amo a todos no mundo!"

No grupo estavam jovens indianos e um americano, além de russos. A minha grande preocupação era se o tempo iria abrir de vez ou continuar fechado para garantir boas fotos.  


Em meio ao caminho eu buscava a árvore russa conhecida como "íva", em português conhecida como "chorão". Nunca fui "botânico" ou fã de plantas, mas essa árvore tem um significado especial para mim, já que fazia parte dos primeiros capítulos do meu manual de russo, da época soviética, o último manual russo-português publicado até 1963. A partir de 64, não apenas se tornou proibido publicar esse tipo de material, considerado "subversivo", como muito perigoso! Repressão ao idioma russo, um filme conhecido, velho e torpe, que hoje se repete na Ucrânia, mas que há quase 60 dávamos o pontapé inicial. Ao nos deparar com o local, víamos a placa que anunciava o complexo arquitetônico relativo à arquitetura russa dos séculos XVII e XIX.




 

Cercado por um muro de madeira, vemos um tempo ortodoxo com um conjunto de 25 templos internos, número bíblico. Conforme já publicamos em outro artigo, um templo ortodoxo pode ter desde 1 cúpula até 33, número que representa a idade com a qual Cristo foi crucificado. O formato de bulbo (cebola) assemelha-se ao formato de uma vela, em referência à citação bíblica "Eu sou a luz do mundo".

A Igreja Ortodoxa Russa foi um fator de preservação da cultura e da identidade russa, a sua mentalidade, distinta da católica ou protestante, foi um fator que moldou a idiossincrasia do russo. Recordo-me como em Moscou fui hospedado por um amigo, que mesmo casado cedeu a sua cama de casado, mesmo com a minha insistência em dormir no chão em um colchão, como já havia feito. Na pior das hipóteses, sempre teria o meu capote francês azul para me abrigar e não sentir frio. Ainda assim, ele cedeu a sua cama. Mesmo sendo ateu, ele dizia que apenas seguia a tradição de seus pais. Outro dia, antes da minha confissão, lia um livrinho que me foi dado de presente em minha primeira confissão, em Tula, por uma idosa ortodoxa, lá estava escrito "bem aventurado é aquele que abriga o viajante em sua casa", e descrevia a importância desse ato. É certo que essa atitude não é exclusiva do russo, mas sem dúvidas é um legado deixado pelo cristianismo.

Mesmo se falarmos do regime soviético, um Estado laico, vale lembrar as palavras do filósofo alemão Carl Schmidt, de que "ideologia é religião secularizada". Stalin costumava dizer que "a vitória estará conosco", os russos pré-soviéticos diziam "Deus está conosco". Os russos entoavam orações por meio de hinos divinos, demonstrando a fé em seus valores, os soviéticos faziam o mesmo através de hinos seculares que até hoje são conhecidos pelo grande público e que expressavam a fé do povo na luta pela sua libertação, da vitória da vida sobre a morte, e por isso jornalistas como Konstantin Syomin, não por acaso, falam de grandes datas como o 9 de maio como a "Páscoa Vermelha", quando o país morreu em 1941, mas ressuscitou como uma superpotência. E deve ser enfatizado que na Rússia o 9 de maio convive harmonicamente com a páscoa (esse ano comemorada no dia 1º de maio), e que nas ruas ortodoxos e comunistas, e mesmo ortodoxos comunistas, comemoram a data. Mesmo em livrarias como a Bukvoyed podemos encontrar a bibliografias de padres condecorados com medalhas de guerra, ortodoxos que combateram na Grande Guerra Patriótica, rejeitando o discurso de que "todos eram ateus". A ortodoxia também foi fundamental na concepção de uma técnica de pintura russa, nascida há quase 800 anos pelas mãos do monge Andriey Rublyev.



Reparávamos em cada detalhe de uma arquitetura original e totalmente surpreendente, fora do padrão holandês de São Petersburgo, incluindo a suástica russa conhecida como kolovrat, que pode ser vista pendurada no pescoço de alguns jovens, uma forma de contra-cultura:





E para concluir o passeio, adentramos a catedral, nos deparando com o batismo de um garoto de 7 anos. Uma das nossas colegas de passeio, pagã, não hesitou em vestir o lenço sempre usado pelas mulheres no interior da igreja. Os homens já se encontravam com a cabeça descoberta mesmo antes da igreja, cabendo apenas adentrá-la e inspecionar sua arquitetura interna e os seus ícones.






Assim, concluíamos a nossa visita, contemplados pela saudação ortodoxa impressa na fachada da catedral, "ХВ ВВ", isto é, as iniciais de "Cristo Ressuscitou, Verdadeiramente Ressuscitou". A propósito, no russo, a palavra para "domingo" é "Voskressenye", isto é, "Ressurreição", deixando claro que para os russos o domingo não é o "dia do sol", mas assim como para os brasileiros é o dia do Senhor (Domenicus), precisamente, o dia da Ressurreição, o dia em que celebrei o meu retorno à Rússia, vindo da Finlândia, lugar e indumentária melhor para comemorá-lo não poderia haver!





Nota aos leitores: Se você pretende conhecer o sítio arqueológico "secreto" de Bogoslovka e tirar fotos usando roupas típicas, entre em contato conosco pelo e-mail: crtvbr@gmail.com e agende a sua seção de fotos!