segunda-feira, 27 de junho de 2016

Um brasileiro no dia 9 de maio

Introdução

Desde a infância somos intoxicados por uma propaganda agressiva contra a União Soviética e a Rússia, seu sucessor por direito, ontem os "comunistas malvados totalitários", hoje os "autoritários que odeiam minorias sexuais e raciais", o "regime mafioso". Além de falsa, essa propaganda ignora completamente o grande feito do país, a aniquilação do nazi-fascismo em 9 de maio de 1945, antes de tudo, a definição de um novo caminho para a humanidade, diverso daquele traçado por Adolf Hitler e compartilhado por muitas personalidades ocidentais, incluindo grandes empresários, estadistas e escritores, isto é, um mundo unipolar marcado pela senhoria do mundo por um grupelho de Estados nacionais imposto com a força de uma grande aliança militar.

Em realidade, se compararmos os discursos políticos de Hitler e Churchill não veremos muitas diferenças, mas Stalin é sempre o culpado, e se Stalin é culpado, logo a URSS é culpada, e se a Rússia fazia parte da URSS, logo também ela e seu povo são culpados. E, assim, aqueles que colaboraram com o nazismo afirmam que são vítimas, e afirmam "dê-nos dinheiro, pois vocês são os grandes culpados". Lobo em pele de cordeiro!

A fotorreportagem faz parte de um trabalho de exorcização de mentiras criadas sobre a Rússia, missão primordial do "Descobridor da Rússia". Veremos aqui o que significa para o povo da Rússia (incluindo suas minorias) o dia 9 de maio, Dia da Vitória.

9 de maio de 2016
Acordei e fui ao encontro da minha namorada, Natasha, uma jovem russa detentora de dois diplomas vermelhos de economia e administração, neta de um veterano da IIGM que partiu para a eternidade na última década. A família de Natalya compartilha a sina de milhões de famílias na Rússia, a IIGM. Para o povo russo, em especial aqueles da parte ocidental, a Segunda Guerra não é só uma página dos livros de história ou de filmes de ação, é uma página da vida de seus ancestrais, pais, avós, bisavós... Em São Petersburgo, Cidade-Herói de Leningrado, a cidade passou pelas maiores provações da IIGM, o Cerco de Leningrado, que durou 900 dias. Ao contrário de outras cidades cuja população foi evacuada, a cidade foi sitiada antes que sua população pudesse ser evacuada! A cidade sofreu com o fogo da artilharia nazista, investidas de tropas alemãs, finlandesas e de outros países ocidentais aliados de Hitler. Para comparar, a resistência francesa durou algumas semanas, apesar de seu exército ser o mais moderno e poderoso em 1939, a polonesa alguns dias, a dinamarquesa, menos de 24 horas. Isso expressa uma filosofia máxima dos russos, a de "não se entregar".

O sacrifício dos ancestrais e seu espírito de luta garantiu a vitória, em 9 de maio de 1945 pelo horário de Moscou. Em junho de 1945 realizou-se em Moscou a primeira grande Parada da Vitória, sob a liderança de Stalin, Júkov e Rokossovsky. Essa parada seria realizada a cada 5 anos, até que sob o governo de Brejnyev passou a ser realizada anualmente. Nos anos 90, sob Yeltsin, ela quase foi esquecida, mas sob Putin recobrou o status que havia sido perdido.

Advertidos de que haveria uma enorme multidão, Natalya e eu perdemos muito tempo procurando um pincel hidrográfico, ninguém garantiria que acharíamos um do tipo em dia de festa e feriado, como os 8 dias anteriores ao desfile. Corremos para a parada de ônibus, na qual, na Rússia, os ônibus não precisam de sinal para parar, seguimos até o metrô Komendantskiy Prospekt (Avenida do Comandante) e lá desembarcamos na estação mais próxima, o Almirantado (Admiralteyskaya), próximo da Praça do Palácio (Dvortsovaya Ploschad), onde se encontra o Hermitage, um "veterano" com mais de 300 anos de idade usado como abrigo antibombas durante a IIGM, que teve parte do prédio destruído por bombas incendiárias da aviação alemã.

Bandeirasdo 9 de maio, do Regimento 150 Kutuzov, responsável pela captura do Reichstag, da Marinha Russa (Cruz de Santo André), dentre outras.
A Estação do Almirantado mais parecia um formigueiro humano, nem mesmo no ano novo vi coisa parecida, quando no metrô de Moscou, cidade mais populosa, ele estava quase vazio. Natalya e eu estávamos impressionados com a enorme quantidade de pessoas indo ver o Dia da Vitória, apesar de que a parada já estava para mais da metade. As ruas estavam totalmente intrafegáveis para os automóveis, havia pessoas por toda parte, em cada metro quadrado disponível! Nas calçadas os vendedores vendiam gorros sem palas usados pelo Exército Vermelho na IIGM, bandeiras da Rússia, URSS (quase todas esgotadas) de vários tamanhos, bandeirinhas festivas do 9 de maio, da Marinha Russa (idêntica à bandeira de Fortaleza), Soviética, dentre outras.

Marinheiros... Eles estão por toda parte na cidade costeira de São Petersburgo, ao contrário da Marinha do Brasil, o seu uniforme é negro

Imigrantes da Ásia Central escalam postes e paredes para ver a Parada da Vitória
Ao chegar no local da parada, era possível ver as tropas que concluíam a marcha, marchando e cantando canções patrióticas sobre coragem, camaradagem. Vimos passar as tropas de fronteira, bombeiros, MVD, fuzileiros navais, marinheiros, paraquedistas (notáveis pela sua boina azul, ao contrário da boina vermelha que predomina no ocidente), tropas da Guarda Nacional, dentre outras. Mas o que chamava a nossa atenção, mais do que as tropas em si, era o entusiasmo do povo. Pessoas das mais variadas nacionalidades e nações escalavam paredes, portões e postes para ver as tropas passarem, homens, mulheres, crianças, idosos, russos e estrangeiros! Na parada, não havia "eu", havia "nós", "my pobedili", "nós vencemos e disso temos orgulho", nos dizia a atitude de cada presente!

Ao sair da grosso da multidão, nos dirigimos para um parque que antecede o Hermitage, lá me deparei pela primeira vez com militares de uma ex-república soviética, o "rei da Ásia Central", o Cazaquistão, país rico em minérios e em sua exuberante paisagem natural, de um povo milenar. As pessoas tiravam fotos com os guerreiros cazaques, e eu não pude deixar de garantir a minha com os rapazes que, não fosse o uniforme, passariam facilmente por nordestinos do Brasil. O Cazaquistão, assim como a Rússia, é um país formado por várias nações.

Alguém que desconhece o autor do blog poderia pensar que todos na foto são cazaques ou que todos são brasileiros.
Mais adiante caminhávamos e vimos uma bela e familiar cena, um avô passeava com a sua netinha, um oficial da Guarda Nacional, condecorado com várias medalhas. Sua netinha usava o uniforme do glorioso Exército Vermelho.

No Brasil, houve há algum tempo uma polêmica relacionada com o uso de uniformes-mirins, enfatize-se, entretanto, que comemorações militares no Brasil frequentemente trazem crianças com pequenos uniformes e jamais foi feito barulho por causa disso, o protesto se deveu sim a uma determinada força, de determinado estado brasileiro, conhecido pela sua força policial assassina e repressiva, incluindo contra pessoas comprovadamente inocentes.

O Exército Vermelho e hoje o Exército Russo sempre foi visto como força de libertação, que não apenas libertou o seu país do julgo da Alemanha nazista, como metade da Europa. Hoje países como Polônia, Hungria, República Tcheca, Eslováquia, Alemanha, Sérvia, Montenegro, Croácia, Romênia, Bósnia e Áustria devem a sua existência à sua libertação pelo Exército Soviético! Sem ele, esses países seriam apenas províncias do III Reich! Lembremos que desde o fim dos anos 30 até 1945 o país hoje conhecido como "Áustria" não existia.

                                                  

                                      

Por toda parte víamos pessoas celebrando, alegres, felizes, comemorando o que vale a pena ser comemorado. Os militares já saíam fora de forma


Militares do Exército em uniforme verde e policiais (MVD) em uniforme negro
Um general da reserva

Um marinheiro capitão da reserva
Conforme seguíamos pela multidão, nos encontramos com a irmã gêmea de Natasha, alguém totalmente parecida com ela pessoalmente, mas com uma personalidade totalmente diferente! Em meio a multidão, nos surpreendemos com a presença de militares estrangeiros. Ao contrário do inverno, na primavera eles usavam o uniforme dos seus países. Isso se dá por motivos óbvios, por que a Angola iria distribuir ao seu exército capotes de inverno? Em vez disso, eles enviam seus militares para a Rússia e eles usam os mesmos uniformes de inverno que os russos, só que com uma bandeira da Angola bordada. O uniforme de passeio angolano lembra bastante o americano da IIGM. Tomamos a liberdade de entrevistar três cadetes, um do Exército e dois da Aeronáutica, que tiveram um lugar especial na tribuna de honra:


Um pouco depois, nos deparamos com dois militares da Marinha Venezuelana. Sob o governo de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, os laços com a Rússia foram ampliados, o que permitiu a modernização das forças armadas do país, pilar da soberania de um país latino-americano. Eles nos falaram sobre sua experiência como alunos-militares na Rússia, um caminho que o Brasil poderia seguir se decidisse se alinhar com o BRICS e rejeitar as tendências golpistas que estão em curso.


Ainda em se tratando de estrangeiros no evento, conhecemos uma família que não era "tão estrangeira", refugiados de Lugansk, Leste da Ucrânia. São Petersburgo se tornou o principal foco de imigração dos refugiados da Ucrânia após o golpe de Estado conhecido como Maydan. Milhões de ucranianos deixaram o país, especialmente nas zonas de guerra como Donetsk e Lugansk. E o mais interessante, algumas fontes, inclusive no Brasil, mentem afirmando que a "a Rússia está em guerra com a Ucrânia", mas os cidadãos ucranianos fogem para a... Rússia! Alguém consegue imaginar cidadãos soviéticos fugindo para a Alemanha nazista durante a IIGM?  Como os cidadãos fogem para um país que supostamente está em guerra com o seu? Aqui vemos ruir toda a lógica irracional dos propagandistas russófobos da Ucrânia e de outros países, todos, claro, inspirados pelos barões da mídia do "Susha" (como sôa a sigla para EUA em russo).

Por ter nascido num país que fazia parte da União Soviética, a entrevista se diz orgulhosa da Grande Vitória e fala de seu orgulho em viver na Rússia, bem como sobre o seu desejo de paz no mundo.


Não menos importante foi o nosso encontro com um veterano piloto de testes de bombardeiros, sobrevivente do bloqueio, coronel aviador. Quando mencionei que era do Brasil, ele me falou sinceramente sobre o seu desejo de colaboração com o Brasil, que muitos russos veem como um parceiro estratégico, mas que essa parceria acaba ficando limitada "graças" às baratas ideológicas alimentadas pelo ódio e pela revolta propagandeadas pelos EUA, país que patrocina golpes de Estado no Brasil sempre que o país tenta se aproximar da Rússia. Nenhum veterano com quem me encontrei esboçou qualquer desconforto ou inquietação quando falei que era do Brasil ou quando caminhei com a bandeira do Brasil.

Tendo a honra de conhecer um veterano da Força Aérea Soviética, sobrevivente do Cerco de Leningrado
Não era fácil tirar fotos com veteranos, pois todos agradeciam a eles pela vitória e a eles entregaram cravos e outras flores, presentes, queriam com eles tirar fotos também! Crianças, adultos, idosos... pessoas de todas as idades! Tratava-se de pessoas exaltadas por ter livrado o mundo do fascismo, por ter a ele resistido. No Brasil cenas ligeiramente parecidas, só que com torturadores que se gabam de tal feito, sem qualquer conteúdo humanístico. Na Rússia encontramos o sol da liberdade brilhando em raios fúlgidos, brilhando no céu e na terra a todo instante!


Um barulho podia ser ouvido, a multidão se dispersava, abrindo espaço para uma novidade, um novo blindado transportador de pessoal do Exército Russo. Embora fosse previsto que o veículo lá ficaria e só então durante a tarde ficaria aberto para exposição, uma garotinha logrou subir no blindado, e merecidamente teve a sua foto com um dos tripulantes do blindado. Muitos tentaram (e até conseguiram) fazer o mesmo, mas devido ao tumulto gerado (para os tripulantes e a passagem de blindados), policiais dispersaram os curiosos, afirmando que a exposição seria de tarde. Fico pensando que comoção isso causaria no Brasil, "ah, mas se a garotinha tirou uma foto, eu também quero...". Na Rússia não predomina o tipo temperamental.




Seguimos em direção ao rio Nevá, os parques estavam cheios, e neles vimos militares sírios, tirando fotos com russos. Muito se publica no ocidente que "russos são fechados", são "xenófbos", "comem criancinhas", mas temos uma imagem totalmente diferente. A mídia, no Ocidente, ocupa-se 48 horas por dia na difamação do russo, um processo que, conforme já expusemos em outros artigos desse blog, vem desde os tempos de Alexander Nevsky, isto é, desde o século XIII, quando os russos optaram por resistir às Cruzadas promovidas pelos suecos e pelos Cavaleiros Teutônicos!

Em nosso passeio nos deparamos com as pessoas mais diferentes, dentre as quais um jovem que ostentava uma grande bandeira da União Soviética em sua bicicleta, um retrato da juventude russa que honra a sua história e a de seus ancestrais, antes de tudo o país vencedor. Capturamos a imagem de uma das margens do rio, e depois tomamos a liberdade de entrevistar o jovem, ao que ele fez em total conforto.



A bandeira vermelha é uma bandeira muito importante no Dia da Vitória, sobretudo por que foi ela a bandeira carregada até Berlim, a bandeira de 15 Estados unidos por um ideal de justiça. Hoje, conforme nos informam outros blogueiros como Vitaliy Lezov, o "Guia de Moscou", a festa tomou um tom demasiado comercial e, se isso continuar assim, poderá um dia acabar perdendo o seu sentido. Ora, se uma das maiores festas do cristianismo, o natal, tornou-se no ocidente apenas uma data de ganhar presentes e a páscoa, a festa mais importante, tornou-se só uma data para "comer ovos de chocolate", imagine uma festa laica como o 9 de maio! Jovens como Ilya e outros que ostentam a gimnastyorka ajudam a reviver essa tradição e a lembrar que exército e que país destruiu mais de 70% das forças da Alemanha nazista e 90% das forças do Eixo entre 1941 e 1945!


Seguindo o curso dos acontecimentos, voltamos à Praça do Palácio e de lá nós seguimos pela Avenida Nevsky até o centro de comércio conhecido como "Galeria", próximo da Estação Moscou, em frente ao obelisco que marca o status de "Cidade-Herói" de Leningrado, atual São Petersburgo. Em meio ao caminho, nós compramos uma bandeirinha da União Soviética, depois uma bandeirona, víamos as ruas agora liberadas e a passagem de carros e até motos com menções ao dia 9 de maio, as pessoas entoavam canções da época da guerra nas ruas, como "Katyusha', essa é a grande ameaça que a Rússia causa a ocidente, pessoas cantando, se orgulhando de sua história e de suas tradições, enquanto no ocidente é praticado um suicídio cultural com uma cultura artificial marcado pela música pop e por tendências extravagantes. É um fato que mesmo em países ocidentais como o Brasil há canções belas sobre a guerra como a Canção do Expedicionário, mas quantas vezes você já viu ao menos um "patrioteiro" falar dela? A Canção do Expedicionário possui uma letra fácil de ser entoada, fala de pessoas simples de todas as partes que se juntaram para libertar a Itália de Hitler, mas é conhecida apenas por militares no Brasil.

Após um almoço no centro de comércio conhecido como "Galeria", corremos para a coluna do Regimento Imortal, para encontrar-se com dois grandes amigos, que já estavam no meio da coluna, formada por centenas de milhares de pessoas. Lá, as gêmeas ao meu lado participavam pela primeira vez do evento, por minha sugestão. No início ouvíamos um grito que nos surpreendeu e nos pôs em dúvida, não sabíamos se era vaia ou alguma confusão, o grito ecoava por toda rua, e cada vez mais se aproximava de nós, até passar por nós, eram os gritos de "URA!", o famoso brado militar russo. Uma emoção jamais sentida antes, sendo o mais próximo disso apenas o que o autor deste texto testemunhou em estádios de futebol. Alguém gritava na rua "GLÓRIA AO POVO VENCEDOR", e iniciava-se os gritos. Na coluna, as pessoas entoavam canções patrióticas. O "Descobridor da Rússia" entoava a canção "O sol se pôs atrás da montanha", uma canção que descreve a volta dos soldados do Exército Vermelho para casa. O mais surpreendente é que a despeito da bandeira brasileira nas costas do descobridor, nenhuma reação negativa foi suscitada, na realidade acontecia exatamente o oposto. As pessoas liam o cartaz e agradeciam, tiravam fotos, e alguns mesmo enchiam os olhos de lágrimas por saber que alguém do outro lado do planeta lembrava os feitos gloriosos de seus pais e avós. 

Éramos saudados por todos na Avenida Nevsky, as pessoas subiam em janelas para nos saudar, pessoas de todas as nacionalidades. Alguns ensaiavam credos liberais, falando que "seus avós não lutaram por regimes totalitários, mas por si mesmos", nem mesmo os liberais mais inteligentes na Rússia ousavam excretar discursos anti-vitória. Ao final da marcha nos encontramos com alguns veteranos, um deles era entrevistado pela TV russa, marchava com o seu histórico uniforme comunista, outro, sobrevivente da guerra, ostentava um grande retrato de Ióssif Vissaryonovich Djugashvilli, mais conhecido como Stalin, e nos dizia sobre como para ele "Stalin é sagrado", o grande líder que, sem fugir do país ou se esconder, permaneceu no Kremlin mesmo com a chegada dos alemães às portas de Moscou, que inspirou gerações e homens que gritavam seu nome e combatiam até que a chama de suas vidas se apagasse completamente, para que anos mais tarde essa chama fosse ascendida no monumento ao soldado desconhecido. 

Mas nem tudo foi tão bonito no Regimento Imortal, em alguns lugares, provocadores de nome iminente ostentavam não o retrato do Generalíssimo da vitória, ou de Marechais da União Soviética ou mesmo de seus parentes, mas o ícone de nomes como Nicolau II, um nome que longe de estar associado a qualquer vitória, esteve associado à derrota, derrota na guerra contra o Japão, contra a Alemanha na I Guerra Mundial, e que permitiu o esfacelamento do Império Russo, cuja integridade foi salva pelo posterior governo bolchevique. A desculpa da autora dessa provocação não poderia ser mais infame, segundo ela um veterano "teria tido uma visão de Nicolau II em uma trincheira, o que o salvou da morte durante a IIGM", e lhe teria pedido para que levasse um ícone de Nicolau II à marcha do Regimento Imortal. Curiosamente, esse mesmo Nicolau II, além de não ter nenhuma relação com a IIGM, também não era considerado santo nos anos 40. Ainda que fosse, o ato era tão ilógico quanto alguém participar de uma procissão ortodoxa com fotos de Lenin ou de algum marechal soviético. É um fato que os feitos de alguns santos ortodoxos, por serem também comandantes militares, foram evocados durante o período socialista, nos anos da guerra, nomes como Alexander Nevsky e Dmitriy Pojarskiy, mas em veste destes nomes, vemos em um Dia da Vitória nomes como Nicolau II, em passeata na Crimeia... Isso indica que apesar da grandiosidade do evento, se os russos não ficarem atentos, ele pode acabar padecendo do mesmo mal que a páscoa, isto é, acabar se tornando "só mais uma festa", com o seu significado ignorado ou colocado em terceiro plano.

O Dia da Vitória é antes de tudo, não apenas uma vitória do povo soviético, mas uma vitória da humanidade do humanismo sobre o racismo, devendo ser lembrado e homenageado por todos os povos, e ser prestado o devido tributo ao povo vencedor! O Dia da Vitória nos revelou duas grandes paradas totalmente diferentes das "paradas" às quais as pessoas estão acostumadas no ocidente, uma parada não em nome da banalidade, mas em nome do humanismo, da coragem e do feito de toda uma geração!



Entrevista com um sobrevivente do Bloqueio de Leningrado:




Outras fotos:
O cartaz que fez alguns russos chorarem: "Obrigado veteranos por salvar o mundo do fascismo. O Brasil vos agradece"

A passagem do Regimento Imortal, de tarde

Palco montado para o concerto do 9 de maio








Armênios saúdam a grande coluna do Regimento Imortal





Com três netas de combatentes da Defesa de Leningrado
A foto no momento certo!

4 comentários:

  1. Crónica fabulosa, cumprimentos de Portugal.

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  2. Brasileiro realmente é otário. Esses russos sequer sabem que existe o Brasil e suas festas comemorativas (independência, fim guerra Paraguai, fim da ocupação holandesa no Nordeste). Nunca vi um infeliz russo comemorando ou cantando o hino brasileiro. Só mesmo o Sr. Cristiano Alves para fazer papel de besta na terra das prostitutas embriagadas. Aliás, quem lhe deu autorização para portar a bandeira do Brasil em um evento em que muitos violadores de alemãs são bajulados como heróis?!

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    1. Russos não sabem que o Brasil existe? O que mais tem na Rússia é clube com dança brasileira, há academia de jiu-jitsu e capoeira tem até nos Urais. Jorge Amado foi muito lido na Rússia. Será que o "Leo do Pará", isto é, Leonardo Bruno de Oliveira, sabe o que é um cantador ou uma forquilha? Aliás, o que será que o Leonardo sabe sobre o Brasil além de bajular palhaços ditos "aristocratas"?
      Desde quando fim da ocupação holandesa e da Guerra do Paraguai são comemorados no Brasil? Nem em quartel do Exército Brasileiro eles são comemorados. E por que um russo deveria cantar o hino nacional brasileiro? Que significado histórico mundial ele tem? Nem no Brasil as pessoas conhecem o hino, que é mal escrito e inacessível à compreensão de mais de 90% da população, nem mesmo os filólogos gostam dele.
      De que terra das prostitutas embriagadas você fala? Que tal você dizer isso a um russo ou a um armênio, há muitos deles no Brasil e eu posso passar o seu endereço (que já me foi informado) para te fazer uma visita, ou talvez você queira o endereço de algum aí em Belém. Que tal, Leonardo? Assim ficamos sabendo se você realmente assina embaixo do que diz. Aliás, você parece ter alguma frustração com prostitutas, talvez o único tipo de mulher que teve até hoje, não era você que dizia que o Nordeste é terra de "prostitutas em praias"?
      Ao contrário de você ergui a bandeira do Brasil em diversas cerimônias, pois sou oficial da reserva e servi, ao contrário do nosso "soldadinho de divã". Exército é para homens, o que infelizmente não é o seu caso.
      Quem são esses violadores de alemãs? Você tem alguma prova disso ou apenas repete as asneiras de feministas russófobas?
      Você não assina embaixo do que diz, garoto, é apenas um frustrado, vulgar, que tenta encobrir o seu ódio reproduzindo ideologia americana. Uma vergonha para o Brasil, motivo apenas de gozação no Brasil e fora dele.

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