sábado, 30 de dezembro de 2017

Quem é o Papai Noel russo?

Na Rússia, no início do inverno, quando o Ano Novo se aproxima, é muito comum ver nas ruas russas um Papai Noel que em seu estilo é diferente do Papai Noel ocidental (Santa Claus). O seu vestido é bem mais longo, como a sua barba, ele também tem um cetro e está sempre junto de sua netinha, a Snyegoruchka (da palavra snyeg, ou seja, "neve"). Ele é chamado de Dyed Maroz, ou seja, literalmente "Vovô Gélido", na mitologia russa ele vem de Velikiy Ustyug (o Ocidental vem da Lapônia, na Finlândia). Apesar de ser visto com vermelho, tradicionalmente usa azul, e sua carruagem é puxada por 3 cavalos e não renas.

Resultado de imagem para различие деда мороза и санта клауса
Clique para ampliar
Resultado de imagem para различие деда мороза и санта клауса
Ilustração mais detalhada

Entrentanto, um Papai Noel chama ainda mais atenção do que o russo, capaz de deixar qualquer jogador de RPG comido de inveja pelo seu exuberante figurino, trata-se do Papai Noel Iacútio (Yakutskiy Ded Moroz), ele vem do epicentro do frio extremo da Rússia, capaz de congelar até o tutano dos ossos, de onde está o lugar mais frio do mundo, a vila de Oymyakon, trata-se da Iacútia (familiar esse nome?). A República de Saha (ou Iacútia) é uma das repúblicas étnicas da Federação Russa, uma federação sui generis, e o Papai Noel iacute é sem dúvidas a figura mais emblemática desse povo milenar!

Personagem de World of Warcraft? Não! Este é o Papai Noel da Iacútia!

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Rockeira Diana Arbenina fala sobre a União Soviética

Clipe da canção "Leti, moya dusha", trilha do filme Kandahar

Hoje, na famosa livraria Bukvoed a cantora de rock bielorrussa Diana Arbenina (Nochnye Snaypery), em encontro sobre o seu livro, expressou com suas palavras a sua opinião sobre a União Soviética, respondendo a uma leitora de seu livro que citava Soljenitsyn e questionava uma aparente contradição, fruto da distorção de um jornalista:

"Eu quero voltar à União Soviética, ao país no qual conheciam o Pequeno Príncipe e havia filas por livros, ao país em que todos choraram no dia 27 de março de 1968... ao país do qual me orgulhava, ao país em que eu acreditava, ao país que amava e que sofria. Eu, de fato, amo a minha infância e a União Soviética dessa maneira... hoje vivemos numa sociedade de gente cansada, num país de gente cansada, cansada e órfã de ideias... pessoas que receberam a liberdade mas não sabem o que fazer com ela"

Resultado de imagem para Диана Арбенина
Diana Arbenina

Não estamos sós!

Resultado de imagem para Собаки в Московском метро
Os seres humanos não são os únicos a se orientarem pelo mais belo metrô
Todos os dias, pessoas de diferentes nações, idades e formas físicas utilizam o mais belo metrô do mundo, um palácio subterrâneo construído pelo socialismo de Lenin e Stalin. Estudante, vigilante, civil ou soldado, sem nenhuma lorota eles entram na rota seguida por milhões, por vezes a centenas de metros debaixo da terra. Entretanto, não estamos sós. Quase secretamente, um outro ser vivo  vertebrado utiliza o metrô, eles são capazes de se infiltrar entre os seres humanos e passarem muitas vezes despercebidos, em meio a pessoas religiosamente preocupadas com o seu horário na megalópole russa. Estes seres conseguem se orientar no metrô, conseguem embarcar e desembarcar no trem e até mesmo sabem em qual estação descer. Eles tem quatro patas e a eles é dedicado até um monumento na estação Ploschad Revolyutsii (Praça da Revolução), trata-se dos cachorros!
Resultado de imagem para Собаки в Московском метро
Monumento "Guarda fronteiriço com o cão" na estação Praça da Revolução
Diariamente, cães de rua utilizam o metrô de Moscou, cidado cujo número de cães abandonados é de cerca de 35 mil. Apesar de que cães podem entrar no metrô acompanhados de seus donos, seja usando focinheiras, seja em pacotes em caso de pequenos cães, diariamente cães sem dono deslocam-se de uma parte a outra da cidade. Embora o autor desta matéria jamais tenha visto qualquer cão de rua no metrô, mesmo já tendo usado-o várias vezes, a ousadia do melhor amigo do homem já foi plotada por jornalistas internacionais, rendendo matérias em jornais ocidentais pela caneta de Jacqueline Boyd, da Austrália (culturalmente um país ocidental). De acordo com uma testemunha ocular que aguardava o trem do metrô, ele ficou surpreso quando durante o desembarque de uma multidão de passageiros ele viu surpreendentemente sair de lá um... cão! Em suas palavras, ele não só saiu do vagão, como esperou até que todos seguissem pela escada rolante, seguiu até lá, sentou-se na escada rolante e se retirou. Pela escada desativada ele não passou. Parecia se tratar de um passageiro "experiente".
Imagem relacionada
Não estamos sós!
Durate milhões de anos, cães e seres humanos evoluíram lado a lado, os cães aprenderam a interpretar a linguagem facial dos seres humanos, sabem quando estamos tristes, alegres ou furiosos. A sua capacidade de interpretar as atitudes dos seres humanos ajudou os cães a se orientarem pelo metrô de Moscou. Assim como os cães estão aptos a aprenderem novas habilidades respondendo positivamente a sistemas de recompensa, por exemplo, a sentarem-se mediante um biscoito que ganham, eles orientam-se pelas estações em busca de pessoas que podem lhes dar comida ou algum outro tipo de benefício. 
Imagem relacionada
Monumento aos cães desabrigados em Moscou
Se muitos seres humanos que não falam russo podem ter dificuldade para se orientar pelo metrô, os cães superam essa dificuldade de diversas maneiras. O seu olfato ajuda na orientação, as estações de metrô possuem diferentes odores, os trens, diferentes sons, em especial os últimos trens, mais modernos, rápidos e menos barulhentos. A audição também é essencial, os trens do metrô de Moscou anunciam o nome da estação em russo e inglês, eles certamente diferenciam os nomes das estações assim como diferenciam palavras como "sentar" e "passear", esta última uma palavra que pode provocar neles uma verdadeira euforia!
As aventuras dos cães por vezes podem ocasionar problemas, este foi salvo por um policial
Mas a aventura dos cães pelo meio de transporte mais belo do mundo nem sempre termina tão bem, o canal russo Lifenews anunciou o caso de um vira-latas que caiu nos trilhos do metrô de Moscou. Ao contrário do metrô de São Paulo, eles não são eletrificados. Populares acionaram o serviço de resgate e um policial salvou o animal de quatro patas, após o trem interromper o seu trajeto. A operação de resgate durou cerca de um minuto. E falando em parar metrôs por causa de cachorros, um vagão foi temporariamente tirado de circulação devido a uma cadela prestes a dar a luz a vários filhotes, acolhidos pelos funcionários do metrô, que buscaram um dono para a mãe e seus cãezinhos.

Resultado de imagem para Собаки в Московском метро
Cadela deu a luz em pleno vagão do metrô

sábado, 25 de novembro de 2017

O entusiasmo dos brasileiros com a Rússia

Viajantes de todo o mundo visitam a Rússia todo ano. Depois que São Petersburgo foi declarada "o melhor destino turístico de 2016" o número de visitantes da Veneza do Norte parece ter aumentado. Com a Copa das Confederações, as comemorações do jubileu da Grande Revolução Socialista de Outubro e a chegada da Copa do Mundo de 2018 um novo tipo de visitantes aumentou significativamente em várias cidades da Rússia, os brasileiros.

Eles não tomam água gaseficada, nem sempre tiram o chapéu durante as refeições e nem tirariam as roupas de cima se não fossem alertados, fruto das condições brasileiras, sob as quais o frio de +5 e até de -3 graus desconhece qualquer sistema de aquecimento como nas cidades da Rússia. Os brasileiros que vêm à Rússia são frequentemente pessoas muito cultas que leram Dostoyevskiy, Lenin ou Tolstoy, visitaram grandes metrópoles como Londres, deram uma olhada no Louvre ou em alguns casos jornalistas e artistas em busca de inspiração, cineastas que conhecem filmes que nem sempre jovens russos conhecem, como as obras cinematográficas de Einsenstein e Tarkovskiy. É claro que há aqueles brasileiros que estão há um tempo integrados na população da Rússia, em geral universitários que cursam medicina, ciência política ou em alguns casos engenharia, a maioria deles do sul e do sudeste do Brasil.

Muitas coisas surpeendem os brasileiros que vêm à Rússia, geralmente coisas impressionantes que nem sempre os russos sabem apreciar. Recordo-me quando certa vez, quando estive na estação Kievskaya do metrô de Moscou pela primeira vez, admirado com o palácio subterrâneo, perguntei a uma garota russa o que ela sentia quando passava pela estação, esperei que ela falasse de seu deslumbre pelo efetivo sistema de transporte, ou talvez que se sentia feliz de desfrutar as belezas daquele palácio telúrico que retrata a história do povo da Ucrânia, porém, a garota afirmou que "não sentia nada". Uma heresia!!! Foi tudo que pude pensar! Foi como perguntar a alguém que vê diariamente um Michelangelo ou um Da Vinci e "não vê nada demais". Algo parecido ocorreu ao perguntar a uma russa que vive em Paris o que ela sente ao pisar na Praça Vermelha, a garota apenas me afirmou que "sente frio". Uma cena digna de uma anedota! Sim, sei que o leitor ou mesmo algum russo que lê nossa versão em russo talvez diga "eles vivem lá, logo para eles é comum, se acostumam", porém, em São Petersburgo é muito comum ver pessoas que, mesmo tendo nascido na cidade, não se cansam de expressar a sua admiração e entusiasmo com a cidade. São Petersburgo é talvez a única cidade da Rússia cujos habitantes nativos postam em seus perfis de redes sociais fotos com pontos turísticos da cidade.

De fato, o sentimento que muitos brasileiros têm pela Rússia é algo digno da atenção desse artigo. Antes de qualquer sentimento específico pela Rússia, para muitos brasileiros as maravilhas do Mundo Russo são antes de tudo maravilhas da humanidade. Samantha, engenheira catarinense, que veio à Rússia com a sua mãe em 2017, sugeriu de pronto que além de São Petersburgo visitassem a cidade de Moscou, pois "ir à Rússia sem visitar o Kremlin de Moscou é como ir à China e não ver a Grande Muralha". Apesar dos seus espasmos, quase uma tragédia em meio ao frio congelante da Praça Vermelha, a engenheira catarinense nem assim perdeu o seu encanto com as monumentais muralhas moscovitas. A mãe de Samantha surpeendeu-se por não ter visto uma única pixação em quilômetros percorridos por Moscou e São Petersburgo, bem como a quase ausência completa delas pelo metrô de São Petersburgo. A brasileira Rafaella, que conheci em Volgogrado, que preferirmos chamar pelo seu nome histórico, reconhecido até no metrô de Paris, Stalingrado, encontrou uma atmosfera bastante familiar enquanto visitava a Rússia, vinda da Noruega, onde morava o seu namorado. Ela não só conheceu dois russos falantes de português como os seus estudantes e um lugar cheio de sofrimento, mas também de glória, o Panorama de Stalingrado, que conta ao visitante sobre os principais momentos da maior e mais sanguinária batalha da história da humanidade, a Batalha de Stalingrado. Nela nós conhecemos os incríveis atos de sacrifício e mesmo de auto-sacrifício do povo da União Soviética em sua batalha contra o fascismo do III Reich. No Panorama de Stalingrado podemos conhecer também a história dos comandantes da batalha e daquele que conduziu o povo soviético à grande vitória, Iosif Vissaryonovich Stalin. No Panorama de Stalingrado o autor deste texto com grande orgulho viu com os seus próprios olhos a gloriosa Espada de Stalingrado, entregue ao povo soviético pelo premier Winston Churchill, presente do rei da Inglaterra George VI. A espada, que na cultura britânica é por excelência a arma dos cavaleiros, reconhecia a galhardia dos defensores de Stalingrado, uma vitória do humanismo sobre o racismo.

A carioca Rafaella Protásio expressa a sua admiração pelo lendário tanque da libertação T-34 em Volgogrado
Na cidade de Volgogrado, o cearense Pedro, bancário, conheceu Marina e Denis, também amigos de Rafaela, ele teve a grande honra de visitar o Kurgan de Mamayev, sobre a qual ergue-se um colosso andrógeno quase desconhecido, maior que o Cristo Redentor, o monumento A pátria mãe chama. Mesmo as ideias de direita não impediram Pedro de visitar Volgogrado, atraído pela história da épica Batalha de Stalingrado, sobre a qual ouviu falar em filmes como "O círculo de fogo". Ele conheceu as comemorações do Dia da Vitória, conheceu veteranos, mas o deslumbre de Pedro se desfez quando, ao ler as notícias do Ocidente, ele encontrou nas manchetes "Rússia ameaça o mundo com suas novas armas". Pedro me contou de seu inconformismo com a imprensa ocidental, que tenta a todo custo e pelos mais torpes métodos possíveis demonizar e espinafrar a imagem da Rússia. Com o autor do blog Russificando Pedro ensaiou a canção "Svyaschennaya vayna" (A guerra sagrada).



Os brasileiros que visitam a Rússia são pessoas muito diferentes. Em São Petersburgo encontrei na livraria Dom Knigi Cláudia, uma brasileira de Belém, norte do Brasil, que falava sobre o seu encanto com a cidade de Moscou. Um estudante de um curso de especialização, Henrique, desejava ir até o Daguestão, porém limitou-se a São Petersburgo. Suas palavras descrevem exatamente a impressão que muitos brasileiros têm da Rússia, "normalmente, diz-se que o céu é um lugar pacífico no qual reina a tranquilidade, estamos aqui vendo um padre ortodoxo tocar e cantar, num evento aberto para todos, na Catedral de Nossa Senhora de Kazan, estou aqui, jamais estive no céu, mas ousaria dizer que o céu é parecido com tudo isso". Muitos que vêm do Ocidente convivem no cotidiano com uma realidade difícil, seja fugindo das balas da polícia, seja das balas do tráfico, seja acordando com corpos largados e ensanguentados em frente às suas casas, cercadas muralhas vigiadas por sentinelas, cães ferozes, uma cena que faz lembrar uma prisão de segurança máxima na Rússia. Sim, muitos brasileiros, atormentados pelo terror do crime organizado e da corrupção policial, para garantir a sua integridade e de tudo aquilo que conquistaram com o suor do seu trabalho são obrigados a se tornaram prisioneiros de suas próprias residências. Às vezes blindam seus carros. Sempre existe o risco de que ao voltar de casa à noite encontrar, em suas próprias casas esperando por eles, bandidos usando balaclavas, prontos para prender, torturar e fuzilar famílias inteiras sem qualquer laivo de piedade, e depois queimar seus corpos em meio a pneus de caminhão. Esses extremistas, que não gritam lemas e pertencem ao movimento extremista de nome tráfico disseminam o terror em uma guerra civil invisível que a cada ano ceifa 60 mil vidas no Brasil (mais que o conflito no Donbass). A consciência desses criminosos foi destruída por pelo menos 5 quilogramas de cocaína. Assim, na Rússia, muitos brasileiros encontram aquilo que não têm em seu próprio país, a liberdade!

O Instagram Mondayfeelings, criado por um casal de São Paulo, descreve seu entusiasmo com a Catedral de São Basílio
A Rússia é mostrada aos brasileiros pelas lentes do cinema americano como uma terra de pessoas agressivas, extremistas, xenófobas, porém essa não foi a impressão que teve uma família que encontrei por acaso na Avenida Nevsky. O seu sotaque e aparência italiana denunciavam a sua procedência paulista. Um casal de executivos que decidiu viajar o mundo e escrevia suas impressões no Instagram "Mondayfeelings" (sensação de segunda-feira) apresentou-me o pai que viajava com o casal, ele falava sobre como a impressão que teve da Rússia era totalmente diferente daquilo que lhe foi mostrado na televisão e nos filmes americanos e europeus. O casal descreveu a Praça Vermelha com grande entusiasmo em seu perfil do Instagram, no qual descreveram a grandiosidade de seu encontro com a Catedral de São Basílio.

Os interesses brasileiros podem ser os mais diversos, o agrônomo Dorival, por exemplo, do Nordeste do Brasil, deixou logo claro que não tinha interesse em ver igrejas, mas sim o solo. Ele desejava visitar a Rússia, Belarus e Ucrânia para ver a beleza das "terras negras", o tchyornozyon, sobre o qual os brasileiros mais educados ouviram falar no romance de Lima Barreto "Triste fim de Policarpo Quaresma". Dorival me ensinou a prestar atenção em algo para o qual eu jamais havia atentado, isto é, o solo russo. Diferente do brasileiro, ele é sempre preto, é considerado por agrônomos e geólogos como muito rico e propício para a agricultura.

A deputada federal pelo estado do Piauí, Iracema Portela, esteve presente num encontro internacional parlamentar que tratava de temas como a liberdade e o diálogo religioso com representantes de religiões do mundo inteiro. Ela manifestava o seu entusiasmo com a beleza do Hermitage. Embora tivesse planejado apenas alguns minutos, por pouco a agenda não foi quebrada, tamanho foi o entusiasmo com as obras do Palácio de Inverno. Com outros brasileiros, este que vos escreve foi até mesmo à... prisão! Em visita à Prisão de Trubetskiy, um grupo de brasileiros ficou surpreendido com a idade dos jovens rebeldes russos condenados à forca por atentar contra a vida do tzar e de seu autoritário regime, como também surpreenderam-se com as celas de nomes como Maxim Gorky, Alexander Ulyanov (irmão de Lenin) e de Trotsky.

O brasileiro Armando Ribeiro veio para a comemoração do Centenário da Revolução Russa junto a centenas de comunistas, muitos fizeram uma poupança durante anos para vir à Rússia no aniversário dos 100 anos da Revolução de Outubro. O acontecimento mudou completamente a forma de ver o mundo no século XX, ela guilhotinou o "culto dos parasitas de sangue azul" para construir uma sociedade solidária, baseada em princípios humanísticos e em ideias de igualdade e oportunidade para todos. A Bíblia cristã afirma que todos foram criados iguais por Deus, ela acabou com a concepção de povo escolhido e afirmou que "era mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico ir para o reino do céu". "A Revolução foi o acontecimento mais importante do século XX", afirma Armando Ribeiro citando o historiador Hobsbawm e o filósofo Michael Lowy, filho de um metalúrgico que foi brutalmente torturado no período mais autoritário do Brasil, doutor em letras. Enquanto eu contava a Armando a história de Zoya Kosmodemyanskaya e de Matvey Kuzmich, na estação de metrô Partizanskaya, em Moscou, o brasileiro pediu-me que tirasse uma foto junto aos monumentos dos Heróis da União Soviética. Enquanto eu preparava a câmera, Arnaldo, em seu longo casaco negro, fez questão de ajoelhar-se ante os heróis cuja galhardia contribuiu para livrar Moscou das hordas do nazismo. Armando demonstrou grande entusiasmo com os metrôs de Moscou e de São Petersburgo, muito melhor seria a Rússia com 1000 Armandos do que com a patricinha russa do metrô Kievskaya. O encanto de Armando com o metrô Kievskaya, que retrata a beleza e as cores do povo da Ucrânia soviética dentro de alguns instantes deu lugar a sentimentos contraditórios, sobre como um grande país do passado acabou dando lugar a um país do presente tomado pelo ódio e pelo extremismo. Ainda assim, não desapareceu o encanto de Armando com o metrô Kievskaya.

Armando Ribeiro presta a sua homenagem à heróica Herói da União Soviética Zoya Kosmodemyanskaya, no metrô de Moscou
Às vezes, quando vejo situações tão contraditórias, penso que os governos do Brasil e da Rússia deveriam fazer um acordo, enviariam uns 10 milhões de russos esnobes filoeuropeus para uma favela no Brasil, onde aprenderiam sobre o que é entrar em um transporte público quente, fedido superlotado, onde aprenderiam sobre o que é correr dos tiros de fuzis e metralhadoras do tráfico e da Polícia Militar, ou ainda sobre pagar por um transporte público caro, ineficiente e desconfortável, e enviar alguns 10 milhões de brasileiros para a Rússia, tenho certeza de que esses fariam de tudo para não voltar e felizes com o país teriam muitos filhos e formariam famílias. Muitas vezes é preciso provar o que há de mais amargo possível para entender o que é doce. Os russos têm razões de sobra para viverem sorrindo muito mais do que qualquer brasileiro, pois esses vivem em um país incrível, que como outros tem seus problemas, mas muito menos do que aquele no qual 20 milhões não sabe ler, não tem acesso à água, esgoto, à educação e mesmo assim na mais intensa miséria encontra algum prazer na vida. Cidades como São Petersburgo, cheia de belezas monumentais, para muitos a mais bela cidade da Europa, convive com a triste estatística de recorde de suicídios. Os russos, sejam os seus políticos, escritores, pedagogos, filósofos, artistas... carregam consigo uma missão essencial que o autor deste texto apresenta como um objetivo máximo que poderá transformar a Rússia pelos próximos anos, que é destruir a melancolia, para os quais tantas pessoas demonstram predisposição, ela é um um inimigo do povo que merece ser jogado para os porões da Lubyanka, enviado para o GULAG do esquecimento e fuzilado, assim, os russos terão uma vida melhor e aprenderão a amar tudo aquilo que representa não só para a Rússia como para o mundo a grandeza do país!

O encanto de Armando com a Rússia em muitos momentos me fez lembrar dos meus primeiros dias no país. É preciso guardar essas sensações no melhor lugar do subconsciente e usá-las tal como narcótico, saber ser grato por aquilo que conquistamos e que encontramos ao nosso redor num país rico e cheio de cultura. O brasileiro de Minas Gerais prometeu regressar com a sua namorada, comunista convicta para a qual Iósif Stalin foi "o melhor pedagogo", campeã de Body Building e segundo lugar no concurso de Miss Bikini. O brasileiro Thales Bandeira, médico, que certa vez chamou a atenção do professor de medicina devido ao sobrenome, agradeceu à Rússia após sua partida definitiva.


O ano de 2018 será o ano em que provavelmente a Rússia terá mais visitantes brasileiros do que em toda a sua história, pois no Brasil futebol é religião, um brasileiro pode não saber qual é o seu santo protetor, porém ele sempre saberá qual o melhor jogador do seu time, ele poderá não saber os dias de jejum, porém saberá os dias do jogo do seu time, poderá não saber o porquê da arquitetura ou das cores da igreja onde foi batizado, porém saberá as cores do seu time, quantos títulos ganhou, as melhores partidas, terá um uniforme do time, ainda que uma imitação, ele poderá não saber de nada da história de sua cidade ou de seu país, porém saberá tudo (ou quase tudo) sobre o seu time e sua conversa geralmente se dá a respeito das partidas de seu time. 

Como disse certa vez um turista russo no Brasil durante a Copa do Mundo de 2018, futebol é festa, e essa festa provavelmente será inesquecível para os brasileiros na Rússia, um momento único em que os brasileiros saberão que a Rússia é diferente de tudo aquilo que a mídia do Ocidente fez tanto esforço para mostrar de forma distorcida e deformada. Se Paris e a França se tornaram um lugar comum na massa de mira da crítica dos brasileiros que viajam pelo mundo, certamente a Rússia, dentro de algum tempo, se tornará um lugar comum na conversa dos melhores brasileiros que buscam os melhores destinos!

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Clube literário tem início em São Petersburgo


Hoje, na presença de Cristiano Alves, autor do blog Russificando, Bela Yevloyeva, professora de literatura e do cineasta e jornalista Dmitriy Tyotkin, teve início o clube literário Knijniy Prospekt (Avenida dos livros). O projeto, iniciativa de Cristiano, visa apresentar e discutir a biografia e as obras de autores que marcaram diferentes épocas da literatura russa.

A literatura russa é considerada universal, seus autores são considerados uma referência em todo o mundo, alguns ainda pouco conhecidos no Brasil, como por exemplo Bulgákov, muito lido na Rússia. O objetivo do projeto é aumentar o interesse na literatura russa, abstrair lições de seus clássicos e fomentar o interesse na língua russa. O projeto contou com a participação de leitores do Brasil, Rússia, México e suscitou o interesse de uma leitora dos Estados Unidos, todos unidos por algo em comum, a grande língua russa!

 






segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Disparo de teste de míssil nuclear intercontinental russo provoca incrível efeito

Nessa semana, um fotógrafo que "caçava" a aurora boreal na região de Tomsk capturou um enorme efeito estranho na atmosfera. Segundo foi esclarecido pelas agências de notícia russas e entrangeiras, tratou-se do efeito provocado pelo lançamento de um Míssil Balístico Intercontinental (ICBM) K-119 Voronyej, em teste feito pelas forças armadas da Rússia. O efeito teve grande visibilidade e chamou a atenção de observadores internacionais, levando a crer que se tratava de um OVNI em certas regiões do planeta. 
A foto foi registrada no dia 26 de outubro às 22:13 da noite pelo fotógrafo Aleksey Yakovlyev.
A Rússia utiliza a energia nuclear para fins pacíficos, incluindo a defesa da integridade de seu território de proporções continentais, jamais tendo efetivado qualquer ataque nuclear contra seres humanos e Estados soberanos. As Forças Armadas da Federação Russa são pequenas se comparadas ao tamanho de seu território e de sua população.
Um míssil nuclear intercontinental é considerado o mais poderoso armamento militar existente, podendo acabar com uma megalópole inteira em questão de segundos.

Fotos: Aleksey Yakovlyev

Image may contain: night, sky and outdoor


Image may contain: night, sky and text

Image may contain: sky and text

Foto feita a partir da República da Karelya às 19:05:

"El pais" promove histeria racista contra a Rússia

Версия на русском языке

Muitas pessoas na Rússia, conquanto são demasiado bondosas, abertas para estrangeiros, infelizmente são demasiado ingênuos com relação a certas questões. Assim, conquanto ouvem comentários meus desfavoráveis ao Ocidente, rapidamente tomam uma posição defensiva (em relação ao ocidente), "ele foi afetado pelo pensamento russo" dizem, ou algum outro absurdo. Sabemos que no Brasil, se uma pessoa, por exemplo, escreve um artigo falso sobre a história de um estado como por exemplo o Piauí, é completamente normal e mesmo louvável que um piauiense defenda o seu estado e mesmo tome uma posição defensiva, comentários agressivos e falsos sobre o Piauí podem levar ao cancelamento de um espetáculo teatral protagonizado por um ator global. O mesmo podemos dizer do Rio Grande do Sul, se uma pessoa ofende a história e as tradições gaúchas, provavelmente um gaúcho irá mostrar completa reprovação. O mesmo me sinto no direito de fazer quanto à história e o povo da Rússia, país que desde muito tempo faz parte não só do meu imaginário, como da minha vida pessoal, física, intelectual e do meu sistema de valores.

O jornalismo ocidental é sujo e despresível, antissoviético e por isso russófobo*. Encontro por acaso um artigo sobre "Garotas russas que estouravam os miolos dos nazistas" (título do artigo), tudo bem, então leio o artigo e "graças" a uma certa Lyuba Vinogradova (a propósito, segundo o artigo, ajudante do russófobo fervoroso Anthony Beevor), lemos sobre o suposto fato de que "mulheres no Exército Vermelho terem lutado em duas frentes, contra os fascistas e o assédio de seus camaradas, que frequentemente estavam bêbados", assim como também sobre "frequentemente serem chamadas de prostitutas ou de mulheres machos ao voltarem do front".

Curiosamente, já assisti a mais de 10 diferentes documentários e li dezenas de citações de mulheres que estiveram no front, lá não há nenhum testemunho disso.

Isto é, para os propagandistas ocidentais não basta dizer que "os soldados vermelhos estupraram alemãs", como dizer também que os "soldados vermelhos estupraram as suas próprias mulheres".  Isso nós encontramos logo no primeiro parágrafo em português claro, justo no primeiro parágrafo, para preparar psicologicamente o leitor para que ele pense que essas bravas mulheres não lutavam pela URSS, pela Pátria e por Stalin, pelos seus ideais, mas "só por si mesmas".

Assim, eles criam um título chamativo, afinal, ninguém com discernimento gosta de nazistas, assim, o "clickbait" funciona, levando o leitor a digerir uma gama de propaganda que joga lama no passado do país e do Exército que destruiu a maior força racista da história e plantou a bandeira da vitória na cidade de Berlim.

*Russófobo: de "russofobia", sentimento nacional ou irracional histérico contra tudo aquilo que vem da Rússia. A russofobia não conhece forma política, podendo se manifestar contra uma monarquia ou república russa, contra um governo socialista ou capitalista. Conquanto a Rússia é um empecilho para o "caminho para o Oriente" ocidental, o país deve ser sempre apresentado de forma negativa, somente forças cisionistas, separatistas ou de oposição podem ser retratadas de forma positiva.

No Facebook

Acompanhe as melhores fotos do blog Russificando em nossa versão no Facebook, nas páginas "Russificando" e "Guia de São Petersburgo". Em nossas páginas você pode encontrar informações e dados de contato para excursões, fotografia e consultoria em São Petersburgo e outras cidades russas.

Guia de São Petersburgo: https://www.facebook.com/guiaspb/

Russificando: https://www.facebook.com/russificando/

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Filmagens de fotógrafo brasileiro surpeendem na Rússia



Marcus Mesquita trocou a vida de gerente de banco no Mato Grosso para viver uma nova vida na Rússia e trazer sangue novo, com novas ideias e projetos, como deixa transparecer um dos seus trabalhos. A filmagem retrata o épico lugar conhecido como "A estrada da vida", onde se deram as mais sangrentas batalhas para impedir Leningrado de ser ocupada pelas hordas alemãs, espanholas, finlandesas e outras do III Reich nazista.


quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Canal Russificando

Você sabia que temos um canal transmitido em português, russo e em breve em inglês?

Visite o nosso canal RUSSIFICANDO no Youtube!

Como os comunistas imaginaram a URSS em 2017

Por Cristiano Alves
Blog RUSSIFICANDO

Você já imaginou fazer nevar no Nordeste durante o Ano Novo, ou transformar as águas bálticas das praias de São Petersburgo numa paisagem tropical? Passar de trem atômico pelo estreito de Bering ou mesmo acabar completamente com furacões como o terrível Irma? O mundo inteiro comunista, exceto por uma ilha imperialista no meio do Pacífico que ousou abusar de testes com armas proibidas?

Era assim que em 1960 os soviéticos imaginavam que viveríamos em nossa época, isto é, no ano 2017, dos 100 anos da Revolução Russa, ano desse artigo!

Recentemente, ganhou repercussão na impressa russa o diafilme disponibilizado por um comunista na rede social russa, o VK. Um dos participantes do projeto, infelizmente, morreu no ano passado, não podendo acompanhar como seria o ano 2017. 

Proféticos em algumas coisas, sonhadores em outras, alguns elementos hoje são realidade, por exemplo, quando o jovem Igor, um pioneiro, conversa com a sua mãe, que está no Mar Negro, por um "televideofone", hoje esse "televideofone" é conhecido no mundo inteiro por Skype. Outra ficção que se tornou realidade são as pontes estaiadas, uma ousada obra de engenharia presente na maioria dos países hoje. Durante os anos 60 e 70 a ciência soviética estudou várias formas de modificar o clima da União Soviética, um dos projetos mais ambiciosos foi a reversão do cursos dos rios Ob e Yenissey, porém foi abandonado devido aos impactos ambientais catastróficos que poderiam mudar o clima de todo o hemisfério norte. Outros projetos fazem parte apenas da ficção, e ainda não foram vistos em 2017 e talvez não serão nem em 2117, como naves espaciais capazes de ir até alfacentauro e fontes de energia infinitas localizadas por máquinas que perfuram... vulcões.

O diafilme tem um tom bastante amistoso, não faz menção a nenhuma guerra, exércitos e militares sequer são citados, seria a sociedade "comunista", o socialismo soviético em seu mais alto grau. Mas nem tudo era perfeito na visão dos 100 anos da Revolução de Outubro, comunista, os últimos imperialistas do planeta fariam um teste que colocaria em risco milhões de vidas! Assim os soviéticos imaginavam os 100 anos da Revolução Russa.


No ano 2017. Produção do estúdio Diafilm, 1960

Quem não se preocupa com questões sobre o futuro? Como ele é? Quem é que não quer dar uma olhada nos próximos 100 anos? Ao ler livros de ficção científica, conhecendo a conjunto de cientistas e ousados projetos de engenharia, é possível esboçar um retrato do futuro.

Então vamos dar uma olhada no futuro, 50-60 anos à frente. Pode ser que no jubileu dos cem anos da Revolução de Outubro esses mesmos colegiais como vocês irão ver a aula de geografia em um cinepanorama sobre um passado recente e sobre o presente do seu país, um filme sobre como os soviéticos compartilharão a natureza para a paz e a felicidade na Terra.
Veja esses colegiais no ano 2017 com seu manual na sala de cinema. O dispositivo especial do filme é a "lupa do tempo" permite a eles acompanhar como foi criada a nova face do país.
Os garotos viram como se encontraram pontes sobre abismos montanheses indomáveis...

...como em enorme precisão explosões atômicas recortaram colinas desnecessárias e abriram canais...

...como mudaram o fluxo dos rios Ob e Yenissey e o direcionaram para o Mar Cáspio. Esse mar que ressecava-se agora recebeu dois novos rios que o preenchem.


Os rapazes ouviram a voz do narrador: "E essa é uma barragem pelo Estreito de Bering. Vocês estão vendo? Os trens atômicos passam apressados. A barragem limita as águas fricas do Oceano Glacial e o clima do Extremo-Oriente melhorou.


Depois que a camada terrestre meio que derreteu, então pode ser visto o que se faz nas profundezas da terrra. No fundo dos vulcões escavadeiras subterrâneas de um tipo especial de aço perfuram minas para fontes inexauríveis de energia.

E então desapareceu também a terra. No espaço sideral, quase na velocidade da luz, desloca-se uma nave-foguete de fótons interestelar, dirigindo-se para o sistema planetário mais próximo e tão distante, Alfa Centauro.


Quando a sessão cinemática terminou, o professor de geografia Nikolay Borissovich lembrou que amanhã a turma partirá para uma excusão na cidade subterrânea Carbogrado, situada no Círculo Polar.

Na manhã seguinte, Igor acordou com um capilé no nariz. Era assim que acordavam os relógioos de parede, em uma brincadeira imaginada pelo pai dele, um dos operadores do do Instituto Central de Controle do Tempo.

Despregando os olhos, o garoto viu como a suave mão de plástico acabou de acordá-lo, retornando para o corpo do relógio. "Hoje eu verei com meus próprios olhos Carbogrado", pensou com satisfação Igor.

A mamãe não estava na cozinha, mas ela deixou um bilhete com instruções na máquina de culinária inteligente. "Meu café da manhã favorito!", alegrou-se o garoto.


Igor cuidadosamente foi ao aparelho e soltou a instrução escrita. Cumprindo a tarefa, raios invisíveis tocaram as letras do bilhete, vasilhas automáticas tomaram o necessário, facas especiais rapidamente cortaram os legumes.


De repente, da sala do pai soou uma ligação com a voz da mamãe

A mamãe estava olhando da tela do televideofone. Ela estava na popa de um navio. O jardim de infância se mudou para cá, no qual encontravam-se seus filhos menores. "Você encontrou o café?", perguntou a mamãe sorrindo.


"- Você está no mar negro?!", admirou-se Igor. "- Eu estou de serviço inspecionando o jardim de infância flutuante e aproveitando para visitar o meu... Repasse ao papai por telefone, que eu volto só amanhã".


Em meia hora Igor já estava longe da capital. O ártico recebeu os visitantes com uma nevasca frenética, os moscovitas estavam cercados por operários locais.

Diante dos membros da excursão abriu-se uma escotilha, e uma longa escada rolante os levou até embaixo.

E assim todos seguiram pelas ruas de Carbogrado. No ar havia um leve aroma de tília. Olhando para as pessoas, bronzeando-se sob luminárias de quartzo ficava difícil de imaginar que na superfície uma nevasca castigava.

E no subúrbio gigantes máquinas trabalhavam a todo vapor. Muitas coisas interessantes eram informadas aos alunos pelo engenheiro-chefe de Carbogrado Vladislav Ivanovich.

"- Aqui, de baixo da terra, reina a primavera eterna", disse ele com orgulho, "- mas, vejam, o tempo caprichoso em cima quebra o nosso horário de envio da produção".

- E a estação voadora de controle do tempo não poderia se acertar com o tempo caprichoso do ártico? - perguntou Nikolay Borissovich. Os rapazes, com apreensão esperaram a resposta do engenheiro-chefe.

- Por enquanto as atividades da estação têm caráter temporário - respondeu Vladislav Ivanovich. - E criar as condições para o envio do carregamento sem interrupções só é possível pelo metrô internacional passando pelo Ártico.

- Esse é o modelo da nova construção da máquina furadeira. Esse tatu irá trabalhar com recém-descoberta energia mesônica, que acelera o trabalho em duas vezes.

E a estação voadora de controle meteorológico tem muito futuro. O homem irá apertar botões em uma cabine de controle radioremoto e a máquina irá voar e acalmar furacões, destruir tempestades.

E sobre como poderia agir a estação voadora, os colegiais saberiam muito em breve... No exato momento em que Vladislav Ivanovich conversava com eles em seu escritório, em Moscou, no instituto metereológico o sinóptico-chefe do país e controlador de serviço, o pai de Igor, Yevgeniy Sergeyevich, discutia mensagens de emergência vindos da região do oceano Pacífico.

- Acabaram de informar, - disse o sinóptico chefe, que os últimos imperialistas, escondidos numa ilha distante, testaram a arma mezônica proibida. Nesse experimento houve uma exposão inaudita de forças, que destruiu a ilha inteira e ao mesmo tempo causou perturbações na atmosfera do planeta.

- É por isso que a nossa máquina de prognósticos hoje de repente previu uma tempestade de 12 pontos no Mar Negro, apesar de que ontem o prognóstico era benéfico! - pensou Yevgeniy Sergeyevich.


Na mente de Yevgeniy Sergeyevich houve um terrível pensamento. Os barcos... Jardins de infância flutuantes... Lá estava também a esposa, Nina, Vitya. O furacão se aproxima a cada minuto. E a estação ainda não foi equipada com controles radioremoto.

- A exposão no sul do Oceano Pacífico causou um terrível furacão e tempestade. É preciso urgente salvar as pessoas! - falou com decisão o sinóptico-chefe. - Nossa estação voadora está pronta?

- Vamos pedir permissão para decolar pessoas com a estação de controle metereológico, - disse o sinóptico-chefe. - Vamos voar nós mesmos. Sim, nós estamos arriscando a vida. Mas temos que salvar crianças, marinheiros, navios.


A permissão para o voo foi concedida. E estava assim na janela da estação voadora de controle meteorológico, já erguiam-se enormes pilares de água. Eles chegavam até as nuvens.

O sinóptico-chefe cobriu as janelas com vidros negros. No controle remoto estava o assistente de serviço. O fogo fazia os olhos arder mesmo com os vidros negros... pois a estação disparava raios de energia mezônica sem precedência. Os raios lutavam com os tornados. 

Quando, enfim, foram ligadas os raios mezônicos, e erguidos os vidros negros, os tornados, como num passe de mágica, sumiram. A estação voadora de controle meteorológico salvou centenas de pessoas.

A explosão no Pacífico Sul, ameaçando com a morte a costa do Mar Negro, foi conhecida até na capital. A iodo cinzento percorria o céu lúgubre.

Mas a capital se preparava para uma festa. Nas ruas sentia-se um movimento incomum. Os moscovitas abordavam uns aos outros com jornais novos com notícias sobre as novas conquistas da ciência soviética no controle meteorológico.


E assim as nuvens se dissipavam, e mastros de cor dourada irradiavam ante as casas e parques. O corredor iluminado ampliava-se.

Sobre a cidade rapidamente flutuava a estação voadora de controle meteorológico. A capital jubilante preparava-se para os 100 anos do Grande Outubro. Esse triunfo coincidiu com a grande vitoria da ciência soviética sobre a natureza.

Quando o pai de Igor saiu da estação voadora meteorológica, o filho se conteve e foi lá dar um forte abraço.

De noite Yevgeniy Sergeyevich ligou o televideofone e contatou o navio "Kahetiya". Da tela sorria a esposa, e Nina estava em pé em volta dela e gritava "Papai, tivemos uam chuva tão, mas tão quente!"

FIM, Redação E. Kavtiashvili, Diretor de arte A. Morozov