quarta-feira, 19 de abril de 2017

A farsa dos "campos de concentração para homossexuais" na Rússia

Muito recentemente, ainda no mês de abril, surgiu um novo meme do jornalismo ocidental, os "campos de concentração para homossexuais na Chechênia". Mas há alguma verdade nisso?

Quando criei este blog não o criei por motivo de "exibicionismo", como talvez pensem alguns, "olha só, eu estou na Rússia!". Não! Criei este blog por que jamais poderei dormir sossegado enquanto houver injustiça no mundo. Um escritor russo muito famoso, Lev Tolstoy, certa vez disse que "russo não é alguém com uma determinada cor da pele ou dos olhos... mas sim aquele que não pode dormir sossegado enquanto souber que há injustiça no mundo". Em minha vida presenciei diversas mentiras e outras manifestações de injustiça, quando eu era pequeno me diziam que "no Exército os recrutas são torturados", entrei no Exército Brasileiro e não vi nenhuma "tortura" contra recrutas. De fato vi tratamentos disciplinares rigorosos, mas nada de tortura! Desde a infância me disseram que "as jogadoras de vôlei jogam bem por que se não jogarem tem os dedos arrancados na Rússia", que os russos eram "perversos por natureza", quando conheci um russo pela primeira vez ele era uma pessoa muito agradável, conversava com ele como se estivesse conversando com um velho irmão que não via há anos. Quando vim à Rússia pela primeira vez, diferente do aeroporto de Fuomicino, na Itália, onde me deparei com funcionários mal humorados e desatenciosos, no aeroporto de Sheremyetyevo fui muito bem tratado, a agente de fronteira me deus as boas vindas, fez questão de me cumprimentar. Fui recebido por minha amiga, búlgara, no saguão do aeroporto, que fez questão de me pagar por um jantar, coisa que eu jamais sequer sonharia acontecer no Brasil, uma garota me oferendo janta. A maioria das garotas brasileiras que conheci, a quem convidei com o intuito de conhecer, inventavam todo tipo de desculpas para evitar um simples encontro, a mais comum de todas era o "namorado imaginário". Saindo do aeroporto, ela me apresentou uma loja de comida, na qual trabalhavam funcionários de várias ex-repúblicas soviéticas e uma refugiada da guerra na Ucrânia, me receberam muito bem e até me convidaram para um aniversário muito animado. Conheci perto do metrô Planyernarya idosos muito simpáticos, um deles, um general cossaco, até me presenteou com um par de botas que uso orgulhosamente, para que eu não me resfriasse, mesmo eu dizendo que estava indo a uma loja comprar calçados de frio. Conheci pessoalmente jovens russos com quem me relacionava há anos pela internet, saí com garotas lindas, com as quais sequer poderia sonhar em sair no Brasil. Descobri então que o "babau Russo" só existia na cabeça de mentes retrógradas, preconceituosas e ignorantes do ocidente, na mente dos russófobos!

Vivendo na Rússia há mais de um ano na Rússia, eu descobri que o Ocidente mentiu para mim durante a vida inteira sobre quase tudo na Rússia, melhor seria dizer, sobre tudo na Rússia, exceto talvez, sobre os nomes próprios e sobre o fato de ser um país frio. Conheci as mais diversas cidades e pessoas e sem querer parecer pretensioso, tenho total autoridade para falar sobre o assunto Rússia com qualquer doutor no assunto apresentando os fatos. Alguém talvez irá dizer que "os russos pensam do mesmo jeito sobre o Ocidente", o que não é verdade, talvez por que na Rússia, ao contrário do Ocidente, e vamos falar de forma mais objetiva, ao contrário do Brasil, as pessoas não assistem tanta televisão e tem a capacidade de filtrar aquilo que sai na mídia. No ocidente predomina a política de noticiar apenas aquilo que é ruim sobre a Rússia. Se um brasileiro viesse à Rússia e estendessem um tapete para ele na Praça Vermelha e o vestissem com um pomposo uniforme de Marechal da União Soviética, isso jamais sairia na mídia ocidental, na mídia brasileira, pois só se pode falar negativamente da Rússia! É uma uma hipótese, mas já vi coisas muito interessantes que isso, afinal, que serventia teria um tapete vermelho na Praça Vermelha? Em vez disso, em Moscou, um amigo cedeu a sua cama e dormiu no chão, em pleno inverno russo, uma senhora que sequer me conhecia abriu a porta do prédio onde morava para que eu não aguardasse minha amiga de São Petersburgo no frio de -10 graus, a polícia da Rússia me orientou sobre como chegar a diferentes lugares quando o meu celular descarregou por causa do frio. Uma adolescente russa me presenteou com um lindo lenço de adornos típicos bordado por ela mesma, coisa que eu jamais poderia esperar por exemplo de uma adolescente brasileira. Muitos brasileiros são muito bem acolhidos e sucedidos na Rússia, formam famílias, são profissionais respeitados, mas isso nunca sai nos jornais ocidentais. Na Rússia jamais fui parado pela polícia por estar tirando fotos em um lugar turístico, como ocorreu comigo em Poços de Caldas-MG, em Mossoró-RN tive uma arma apontada para a minha cabeça simplesmente por estar sentado embaixo de uma árvore, todos sabem que no Brasil o negro é sempre suspeito até que ele mesmo prove o contrário, isso jamais aconteceu a mim na Rússia, logo por que deveríamos nutrir algum sentimento negativo em relação a um povo que nos acolhe tão bem, como talvez alguns irão sugerir?

Recentemente uma notícia difundida pelas organizações Globo, emissora que defendeu o golpe contra Dilma Rousseff e possui mais de 30% de seus capitais pertencentes aos americanos, nação especialista no assunto "genocídio", já que exterminou praticamente todos os habitantes nativos da América, noticiou que na Chechênia, república que integra a Federação Russa, estão sendo construídos "Campos de Concentração para homossexuais". Antes de falar de homossexuais, devo enfatizar que a Rússia não possui nenhum tipo de "campo de concentração" para quem quer que seja! A lei russa possui tratamento igual para todos, não importa se é preto ou branco, cristão, muçulmano, pagão, budista, judeu, hetero ou homossexual!

A jornalista Elisabete Pacheco noticia de forma completamente irresponsável, sem consultar qualquer diplomata da Federação Russa, boatos de que estaria havendo "sequestros", "desaparecimento", "torturas" e "mortes" sem apresentar qualquer prova! A ousadia dessa boateira (seria um desrespeito aos profissionais sérios chamá-la de jornalista) vai a tal ponto que ela afirma que "não se trata de ficção", e que seriam "relatos assustadores". De quem seriam esses relatos? A melhor forma de identificar um boato é que quase sempre seus autores são anônimos, seu teor é apócrifo. À boateira da Rede Globo, Elisabete Pacheco, se junta um homem que se apresenta como Guga Chacra, que faz coro às acusações novamente sem apresentar quaisquer indícios de uma acusação tão grave. Elisabete então novamente interrompe o jornalista para fazer comparações absurdas, recorrendo à famosa "falácia ad hitlerum". Isto é, sem ter noção da veracidade da notícia, ela já compara a Rússia à Alemanha nazista.

Deve ser enfatizado que a Globo não é a única a movimentar o assunto no Brasil, na internet o Avaaz engana pessoas incautas apresentando uma petição na qual é sugerido "fazer a Rússia passar vergonha", sempre com a mesma cantilena de "campos de concentração para homossexuais", mesmo chegando a comparar com a situação dos judeus, como se homossexuais fossem um grupo nacional, o que não são. 

A Rússia é um país democrático que permite que todos, independente de nacionalidade ou algum tipo de preferência se manifestem, inclusive a TV russa tem homossexuais, tendo inclusive homossexuais que se manifestam nesses programas sem serem presos por suas opiniões ou por serem homossexuais. Na Rússia não existe uma polícia que fiscaliza o que cada um faz dentro de seus quartos. Como bem colocou o politólogo russo Maxim Shevchenko, presidente de uma comissão de Direitos Humanos, homossexualismo nada tem a ver com uma questão de "direitos e liberdades individuais", mas sim com política! Sempre que uma pessoa, país ou organização recusa dinheiro para ativistas homossexuais ou não concorda com suas teorias extravagantes, logo é acusado de "homofobia", como se todos tivessem a obrigação de bater palmas para tais grupos. Quando a atriz e modelo brasileira Giselle Bündchen disse que não gostou de ter beijado outra mulher em um filme americano, ela foi acusada de ser "preconceituosa" e "homofóbica". Logo é normal que qualquer grupo com pretensões totalitárias acuse a Rússia de homofobia, "ou está conosco, ou está contra nós". Mas a realidade na Rússia não é preto e branco. A Rússia possui diversos programas de TV e cantores russos que exibem homossexuais. Frequentemente esses programas são alvos de crítica da sociedade russa e de ativistas sociais, porém isso é suficiente para destruir o mito de que "o homossexualismo é proibido na Rússia". Nas rádios da Rússia, inclusive, há músicas de Madonna, Lady Gaga e são reproduzidas músicas cujos clipes abertamente propagam o homossexualismo como um estilo de vida, por exemplo "Take me to the church", que já ouvi em vários restaurantes e mesmo em rádios. Muitos movimentos sociais pedem ao Ministério da Cultura que proíbam tal conteúdo, mas ele não proíbe. Ora, não é a Rússia "homofóbica"?! Se a Rússia fosse homofóbica como se diz no ocidente, eles com certeza seriam removidos de imediato!

A Rússia não é o Ocidente, para o qual "democracia é apenas quando você concorda com o que eu digo", na Rússia, assim como há pessoas que defendem o homossexualismo, também há pessoas que são contra o homossexualismo, e é importantíssimo frisar, que não são contra o indivíduo que o pratica em sua vida pessoal, mas sim contra o exibicionismo, o escândalo público! Na Rússia há bares para pessoas de orientação sexual não tradicional (adiante POST), porém sabemos que a maioria dos russos é contra essa orientação (mais de 90% segundo estudos), logo, se os russos são em sua esmagadora maioria contra essa tendência, seria lógico que se fossem "homofóbicos bárbaros" como o Ocidente tenta pintar, esses bares com certeza já teriam sido explodidos há muito tempo, porém, em que país um homem entrou armado disparando contra homossexuais? A Rússia? Não, os Estados Unidos, e curiosamente, a mídia ocidental não chamou a América de país de "homofóbicos assassinos de homossexuais", apesar de que um homossexual tem mais chance de ser fuzilado por um maníaco na "América democrática" do que na "Rússia homofóbica", não é uma grande ironia?

A Rússia possui leis que valem para todos, ninguém se esquiva da mão pesada da lei russa por causa de suas preferências sexuais, se um homem e uma mulher acabaram de ter sua noite de núpcias e sai anunciando para todos na rua sobre "o que fizeram", eles podem ser detidos pela polícia e multados pelo seu comportamento (multa administrativa). Com os homossexuais ocorre o mesmo, ora, se um homem sai na rua gritando sobre "como dormiu com a sua mulher" ele é multado, logo por que uma parada voltada exatamente para a promoção de um estilo de vida que faz parte da vida pessoal de cada um (vida pessoal, ou seja, da pessoa, e não da sociedade), por que este deveria ter algum tipo de isenção legal? A Rússia é um país com um lugar certo para tudo, por exemplo, nas escolas da Rússia, ao contrário do que ocorre no Brasil, é proibido namoro ou qualquer tipo de libidinagem ou fornicação como vi muitas vezes em escolas brasileiras entre jovens de 13 ou 14 anos, ao menos na minha época, entre rapazes e moças (não sei como é hoje), pois escola é lugar para estudar. Na Rússia há clubes dos mais diversos tipos, inclusive para homossexuais, e certamente ninguém vai lá para estudar ou organizar atos contra tais, visto que é o lugar deles. De um modo geral, os russos são bastante reservados quanto à sua vida pessoal, mesmo uma mulher quando namora um homem ou vice-versa não costuma, por exemplo, anunciar isso em redes sociais, como geralmente ocorre no Brasil. Mesmo pessoas casadas dificilmente tem fotos de casal no perfil, essa é uma diferença cultural marcante.

Quando falamos da Chechênia, do Cáucaso em geral, a questão é um pouco mais delicada, pois trata-se de uma cultura milenar, de guerreiros, que por muito tempo viveu isolada nas montanhas mais inóspitas. Muitos povos dessa região tinham conflitos com outros povos, e se viam comprimidos entre dois grandes impérios, o Império Otomano, turco, e o Império Russo. As tribos então, para não ficar isoladas, faziam a sua opção, ser parte do Império Otomano ou do poderoso Império Russo. Entretanto, para isso havia uma condição, este Império Russo deveria tolerar a cultura desses povos, seus líderes e representantes eram convidados para morar em São Petersburgo, a capital, seria como imaginar o rei Dom José I de Portugal convidando chefes de tribos indígenas para morar em Lisboa, e ao contrário do que ingleses e espanhóis faziam com os índios ou australoides, no Império Russo não havia "caça" aos nativos. Os ingleses, por exemplo, como nos descreve o biogeógrafo Jared Damond (The rise and fall of the third chimpanzee), reuniam-se com suas famílias, faziam uma cerimônia de chá, almoçavam, e depois partiam com seus criados e cães para caçar negros na Tasmania usando falconetes que atiravam pregos, esses negros tasmanianos, feridos, eram atirados do lugar hoje conhecido como "Victory Hill", uma "solução final" à moda inglesa. Os americanos não poupavam nem mesmo as tribos indígenas como a dos Cheyenne, que hasteavam em seu acampamento uma bandeira dos EUA, o que não poupou o 3º Regimento de Cavalaria de dizimar todos até o último homem. Por que será que quando um grande evento acontece nos Estados Unidos ou na Inglaterra todos esses ativistas ensandecidos pela ira não dão um único pio? Por que será quando um evento é realizado nos EUA ou no Reino Unido não são marcados protestos em frente à embaixada desses países? Voltando a falar da Chechênia, temos que lembrar que não é o único lugar no Cáucaso que não contempla a noção de "cultura homossexual", na Geórgia, país de maioria cristã do Cáucaso, aliado dos EUA, há muitos ativistas contra o exibicionismo homossexual, por que será que esses ativistas nunca saem na mídia ocidental apresentados como "homofóbicos intolerantes"? A resposta é fácil, por que são aliados dos Estados Unidos! Por que será que a Arábia Saudita, onde o Estado enforca homossexuais nunca sai na mídia como "intolerante e homofóbico"? Porque assim como Israel são aliados dos EUA. Onde estão os "protestos contra a homofobia" em frente a Embaixada da Arábia Saudita em Portugal, como fizeram com a Embaixada da Rússia?

Não é difícil encontrar na internet, em especial no Facebook, falas de ativistas não-tradicionais dizendo sobre "como gostariam de ver a Rússia sumir do mapa", sobre como gostariam que "fossem usadas armas nucleares contra a Rússia", sobre como gostariam de ver o extermínio do povo russo ou sobre como odeiam a Rússia! Na "melhor" das hipóteses, vemos pronunciamentos feitos no festival "Bok o bok" (Literalmente Lado a lado) pela Sra. Manny de Guerre, uma ativista não-tradicional radical, no qual em pleno território da Federação Russa, ela afirma que deseja ver pessoas que não concordam com o exibicionismo dos homossexuais punidos. Essa punição já acontece em lugar chamado Síria! Lá, em meados de 2013, foi "informado" sobre a prisão de supostos ativistas homossexuais que teriam sido presos pelo governo de Assad. A OTAN então tratou de armar até os dentes a oposição síria, constituindo o que hoje é chamado de "IGIL" e "DAESH", grupos terroristas proibidos no território da Federação da Rússia, que dentre outras práticas bárbaras, arrancam a cabeça ou o coração dos seus prisioneiros. Um ano depois foi provado que os perfis dos tais "ativistas homossexuais" não passavam de perfis falsos criados no Twitter e no Facebook. Ou seja, o que vemos no século XXI é uma nova tecnologia de fabricação de conflitos. Se no século XX falava-se que se tratava de uma "guerra da liberdade contra o totalitarismo" e Bush no início do século XXI falava em "exportação da liberdade e da democracia", hoje Obama e seus herdeiros ideológicos, que não são necessariamente herdeiros políticos, falam em "defesa dos direitos das pessoas de orientação não-tradicional", política inclusive reiterada pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos da América. Ou seja, os EUA, mais uma vez, brincando de "polícia do mundo", agora advogam o direito de intervir nos assuntos internos de povos que desejem seguir em paz as suas tradições. E para conseguir os seus objetivos, os EUA contam com um exército ideológico de adolescentes ingênuos, juristas gananciosos e euroburocratas sentados em Bruxelas, ressoando aqui as palavras do historiador e professor doutor Andrey Fursov. 

Hoje vemos a mesma cantilena que levou à Guerra Civil na Síria se repetir contra a Rússia nos jornais ocidentais. Trata-se de uma acusação muito séria e onus probandi incubere acusatio. Onde estão esses "campos de concentração na Chechênia"? Qual o nome dos ativistas presos? Será que esses ativistas realmente existem? Se existem, por que esses ativistas foram presos? Seria muita ingenuidade acreditar que "estão presos por causa da forma como dormem". Se estão sendo torturados, como estão sendo? Estão sendo colocados na frente de belas policiais? Perdoem o sarcasmo perante o assunto, mas diante de tamanha palhaçada organizada por americanófilos barulhentos e russófobos, só mesmo entendo como piada! Uma mentira contada mil vezes será sempre uma mentira, não importa se ela foi contada pela Globo, pela BBC, CNN ou pela Rádio Svoboda, a mentira não é uma força, pois como já dizia o príncipe Alexander Nevsky, "a força está na verdade"!

Um comentário:

  1. Se um dia eu tiver a oportunidade de visitar esse país, assim que eu pisar em seu solo, eu beijarei o chão, com todo prazer do mundo, ô país FODA, de gente FODA!

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